domingo, 18 de novembro de 2012

Chögyam Trungpa


Nasceu na província de Kham, na parte setentrional do Tibete oriental, em 1939.
Aos treze meses, foi reconhecido como a décima primeira reencarnação da linhagem dos Trungpa tulku. E como todo jovem tulku, foi desde cedo educado de maneira intensa nos estudos e práticas dos ensinamentos budistas. Aos cinco anos, foi coroado como abade supremo dos monastérios de Surmang.
Ordenado monge aos oito anos, ele se consagrou ao estudo e à pratica das diversas disciplinas monásticas tradicionais, assim como à arte da caligrafia, da pintura em tangka e as danças monásticas. Com apenas quatorze anos de idade, ele confere a abhisheka do Rintchen Terdzö. Um tulku tão jovem dando uma abhisheka que duraria quase seis meses era então um evento excepcional.
Ele estudara com Jamgon Kontrul de Sétchèn, que foi seu guru-raiz e com quem ele permaneceu alguns anos. Jamgön Kontrül ensinava de forma direta e demonstrava em seguida como aplicar a realização final em cada momento da vida quotidiana. Esse mestre se tornou um exemplo e uma fonte de inspiração permanente para Trungpa Rinpoché durante toda sua vida.
Chögyam Trungpa estudou também ao lado de Dilgo Khyentsé, que lhe transmitiu os ensinamentos da Grande Perfeição ou Atiyoga. Graças à esses dois mestres, ele fora fortemente marcado pelos ensinamentos Nyingma. Khenpo Ganshar, filho espiritual de Jamgön Kontrül, foi igualmente alguém muito próximo do jovem Chögyam Trungpa.
Em 1958, ele fora ensinar nos monastérios de Surmang. Pressentindo que os habitantes dali estariam brevemente sujeitos à própria sorte, ele apresentou-lhes então rapidamente os ensinamentos essenciais. Chögyam Trungpa aprendera dessa forma à indicar diretamente a natureza do espírito à um grande numero de estudantes.
Em 1959, em razão da invasão do Tibete pelos chineses, ele foi obrigado a partir em exílio. Com apenas vinte anos ele teve que abandonar seu pais e fugir; atravessando os Himalaias em condições extremamente difíceis. Ele liderou um grupo de trezentas pessoas numa viagem que durou quase dez meses. A maioria dessas pessoas foi feitas prisioneiras pelos chineses, e apenas dezenove conseguiriam escapar.
Na Índia
O período passado na Índia, de 1959 à 1963, foi marcado pela “fascinação e pela curiosidade”. Fréda Bédi, que trabalhava então para o governo da India, no escritório central de apoio aos refugiados tibetanos, o ajudou muito, se tornando um pessoa de importância capital.
Uma das primeiras mulheres a ter obtido um diploma da Oxford, ela era esposa de Baba Bédi, um nacionalista sikh, com quem ela veio morar no Penjab. Ela se tornaria então uma figura importante na luta pelos direitos das mulheres dessa região. No final da década de 50, ela decide se consacrar a causa dos tibetanos, para em seguida se tornar monja no monastério de Karmapa. Ela convida Chögyam Trungpa para viver com sua familia em Kalipong, se tornando sua tutora e se comportando com ele como uma verdadeira mãe.
Chögyam Trungpa foi então nomeado pelo Dalai Lama como conselheiro espiritual dos jovens tülkous na escola dirigida por Fréda Bédi, em Dalhousie. Em 1963, o jovem Trungpa recebe uma bolsa des estudos da fundação Spalding para a Universidade de Oxford.

A Inglaterra e as primeiras tentativas de transmissão no Ocidente

Na Inglaterra, ele faz estudos de religião comparada e filosofia ocidental. Ele demonstra um enorme interesse pela historia da arte, visitando Londres e seus museus, e sentindo uma fascinação particular pela arte contemporânea, que “passava além de qualquer hesitação, para expressar livremente tudo aquilo que poderia passar na cabeça de cada um”.
Ele descobre assim a arte japonesa. Estuda a ikebana, forma tradicional de arranjo floral, ao lado de Stella Coe, mestre da escola Sogetsu, de onde ele recebe mais tarde o diploma de instrutor. Muito interessado pela poesia, ele publica na Inglaterra sua antologia de poemas, sob o titulo de "Mudra".
Impressionado com a riqueza da cultura ocidental, percebeu ao mesmo tempo as possibilidades de apresentar os ensinamentos budistas nesse contexto. Nesse intuito, ele fundou em 1968, em Dumfriesshire, Escócia, o Centro de Meditação de Samyé Ling - nome do primeiro monastério tibetano, implantado por Padmasambhava, no século VIII. Publicou então dois livros: "Nascido no Tibet" e "Meditação e ação".
Mais tarde, vitima de um grave acidente: seu carro colide violentamente com a vitrine de uma loja. Conduzido inconsciente ao hospital, posteriormente é dado o grave diagnostico: o lado esquerdo de seu corpo fica paralisado para sempre.
Foi uma mensagem importante para ele que decide então abandonar o estilo de vida monástico que até então ele havia seguido. A partir daí renuncia a tudo o que criava entre ele e seus alunos “uma espécie de aura insondável” e que constituísse um obstáculo na sua relação com eles. Abandona seus votos de monge e suas vestimentas “exóticas”. Mais tarde se casa com uma jovem inglesa, Diana Pybus.
Em outubro de 1973 já nos EUA, foi feito o primeiro seminário de Vajradathu, no hotel Jackson Hole, em Wyoming, que mais tarde aconteceria todos os anos. O seminário era um retiro de estudos e meditação de três meses, durante os quais eram apresentados, um após o outro, os três yanas – o hinayana, o mahayana e o vajrayana.
Chögyam Trungpa pode apresentar de maneira aprofundada e progressiva os ensinamentos budistas da escola Kagyü e Nyingma. Ele introduziu pela primeira vez os ensinamentos do vajrayana em toda sua força. Alguns meses após o seminário, ele autorizou alguns de seus estudantes à começarem as práticas de Ngöndro, ou preliminares.
Em 1974, foi fundado o Instituto Naropa, inspirado no modelo da célebre universidade budista indiana de Nalanda, que recebia estudantes budistas e não budistas vindos de toda a Ásia. No seu primeiro ano de existência, foram dados ensinamentos de tai-chi, cerimônia do cha, antropologia, física e psicologia, escrita e poesia, entre outros. Mais de dois mil estudantes frequentaram a universidade.
Em 1977, apos um retiro de vários meses, Chögyam Trungpa Rinpoché apresentou os ensinamentos Shambhala, o caminho sagrado do guerreiro – guerreiro aqui não aquele que faz a guerra, mas sim aquele que é corajoso e autentico o bastante para aceitar entrar em contato com seu próprio coração.
Essas instruções afirmam que cada um de nos pode fazer nascer a cada momento a confiança inextinguível que possuímos e que nos permite de ir além do medo e do mundo confinado dentro do qual esse medo nos aprisiona. Existe na realidade uma sabedoria iluminada, ou bondade fundamental inerente à cada um, e que podemos à qualquer momento invocar.
A aprendizagem Shambhala, que ele estabelece em 1978, apresenta a possibilidade de seguir um caminho espiritual despido de qualquer dogma religioso. A importância é dada na ideia de aliar espiritualidade e vida quotidiana. “Geralmente, a religião é ligada ao fato de punir a si mesmo. As pessoas levam muito à sério até hoje o pecado original. Deveríamos deixar isso de lado. Talvez a bondade original devesse substituir o pecado original”, diz ele em 1985.
Dordjé Dradül, “Guerreiro indestrutível”, título enquanto detentor dos ensinamentos Shambala, afirma que esses ensinamentos são a expressão primordial de sua ação ao longo dessa vida. Ele indicou a urgência de fundar aqui mesmo o reinado de Shambhala, considerado geralmente como algo de caráter apenas mítico.
O ano de 1977 é marcado também pela sua primeira visita à Nova Escócia, no Canadá, onde ele decide se instalar. A partir de 1982, a sua maneira de ensinar se transforma mais uma vez, se tornando cada vez mais objetiva e simples - mas ao mesmo tempo guardando um sentido continuo de transmissão direta do espírito de iluminação. Em 1985, ele parte em retiro pra Mill Village, em Nova Escócia.
Chögyam Trungpa falece no dia 4 de abril de 1987, em Halifax. Ele finalizou sua ação: a implantação do bodidharma para o Ocidente.

Fonte: Wikipédia

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Rabindranath Tagore





Rabindranath Tagore (em bengali: রবীন্দ্রনাথ ঠাকুর; 7 de maio de 1861 - 7 de agosto de 1941), alcunha Gurudev, foi um polímata bengali. Como poeta, romancista, músico e dramaturgo, reformulou a literatura e a música bengali no final do século XIX e início do século XX. Como autor deGitanjali e seus "versos profundamente sensíveis, frescos e belos", sendo o primeiro não-europeu a conquistar, em 1913, o Nobel de Literatura, Tagore foi talvez a figura literária mais importante da literatura bengali. Foi um destacado representante da cultura hindu, cuja influência e popularidade internacional talvez só poderia ser comparada com a de Gandhi, a quem Tagore chamau 'Mahatma' devido a sua profunda admiração por ele.
Um brâmane pirali de Calcutá, Tagore já escrevia poemas aos oito anos. Com a idade de dezesseis anos, publicou sua primeira poesia substancial sob o pseudônimo Bhanushingho ("Sun Lion") e escreveu seus primeiros contos e dramas em 1877. Tagore condenava a Índia britânica e apoiou sua independência. Seus esforços resistiram em seu vasto conjunto de regras e na instituição que ele fundou, Universidade Visva-Bharati.
Tagore modernizou a arte bengali desprezando as rígidas formas clássicas. Seus romances, histórias, canções, danças dramáticas e ensaios falavam sobre temas políticos e pessoais. Gitanjali (Ofertas de Música), Gora (Enfrentamento Justo) e Ghare-Baire (A Casa e o Mundo) são suas mais conhecidas obras. Seus versos, contos e romances foram aclamados por seu lirismo, coloquialismo, naturalismo e contemplação. Tagore era talvez o único literato que escreveu hinos dos dois países: Bangladesh e Índia: Hino nacional de Bangladesh e Jana Gana Mana.

Biografia
O mais novo de treze filhos sobreviventes, Tagore nasceu na mansão Jorasanko em Calcutá, filho de pais Tagore Debendranath (1817-1905) e Sarada Devi (1830-1875).Os patriarcas da família Tagore eram os bramos fundadores da fé Adi Darma. Ele foi educado na maior parte do tempo por criados, uma vez que sua mãe morreu quando ele tinha poucos anos de vida e seu pai viajava muito.] Tagore frequentou pouco o ensino regular, preferindo perambular pela mansão ou por devaneios próximos: Bolpur, Panihati e outros. Após sua iniciação upanaiana aos onze anos, Tagore deixou Calcutá em 14 de fevereiro de 1873 para uma viagem pela Índia com seu pai por vários meses. Eles visitaram o estado de seu pai, e pararam em Amritsar antes de chegar à estação do monte Himalaia de Dalhousie. Lá, o jovem "Rabi" leu biografias e foi educado em casa em história, astronomia, ciência moderna e sânscrito e analisou a poesia de Kālidāsa. Finalizou grandes obras em 1877, inclusive uma série de dez canções (publicadas pela Visva Bharati University no vol. 21 de sua obra musical completa), cujos textos foram escritos no estilo maithili iniciado séculos antes por Vidyapati. Publicado sob pseudônimo, os estudiosos aceitaram-nas como as obras perdidas de Bhānusiṃha, um poeta Vaiṣṇavado século XVII recém-descoberto. Escreveu "Bhikharini" (1877), "A Mulher Pedinte", o primeiro conto em língua bengali eSandhya Sangit (1882) - incluindo o famoso poema "Nirjharer Swapnabhanga" ( "O Vigor da Cachoeira").
Estudou Direito na Inglaterra de 1878 a 1880. Retornando ao país em 1890 para administrar propriedades agrícolas da família, dedica-se ao desenvolvimento da agricultura e a projetos de saúde e educacionais. Com formação filosófica, chega a criar uma escola em 1901, dedicada ao ensino das culturas e filosofias ocidentais e orientais. Sua obra poética compreende uma coleção de três mil poemas em língua bengali sobre temas religiosos, políticos e sociais.
A obra em prosa, orientada por preocupações humanistas, é extensa. Inclui oito novelas, 50 ensaios e contos.
Como músico, compôs cerca de duas mil canções num estilo próprio conhecido como "rabindra-sangita", no qual fundiu a música clássica indiana (sobretudo a hindustani) com as tradições folclóricas de diferentes partes da Índia, mas, sobretudo de sua terra natal, Bengala. No campo da música pode-se afirmar que foi um inovador, já que procurou expressar musicalmente as cores e sutilezas de seus versos inspirados. Segundo Arnold Bake "em suas composições, Tagore trouxe de volta o sentido do significado e da importância das palavras, afastando-a dos floreios e ornamentos para o seu próprio bem". Assim, enquanto na música clássica hindustani as palavras possuem um papel subsidiário e o raga se desenvolve através de improvisações que por vezes tornam o texto incompreensível, no estilo de Tagore as regras de prosódia são sempre seguidas e os ornamentos vocais são discretos, para que o sentido do texto não deixe de ser compreendido. Essa foi, aliás, uma das preocupações do jovem Rabindranath que já em 1881, recém-chegado da Inglaterra, ansiava por um maior entrelaçamento entre poesia e música, tal como demonstrou em sua palestra "Songit o Bhab" (Música e Emoção), publicada posteriormente numa coletânea de artigos sobre música intitulada "Pensamento Musical"(Songit Cinta).
No campo de sua produção literária, o volume de poesias mais conhecido é Oferenda Poética (1913-1915). Seus últimos trabalhos, entre eles Cantos Musicais (1910), são classificados dentro do Simbolismo.
Tagore participou do movimento nacionalista indiano e era amigo pessoal de Mahatma Gandhi que o chamou de Sentinela da Índia. Como escritor, tornou-se famoso na Índia já nos primeiros anos de carreira, alcançando notoriedade no Ocidente quando da publicação de seus textos traduzidos para o inglês, muitos deles pelo próprio autor. Tagore ganhou a admiração de escritores como William Butler Yeats, que assinou a apresentação de seu livro Gitangali em sua edição britânica.
Em 1913, torna-se o primeiro escritor asiático a ser agraciado com o Nobel de Literatura. Renuncia, em 1919, como forma de protesto contra a política britânica em relação ao Punjab, ao título de Sir concedido a ele pela Coroa Britânica em 1915.

“O homem só ensina bem o que para ele tem poesia.”


— Rabindranath Tagore
Principais obras
Contos e romances
§  Gora (1910)
§  Ghare-Baire (1916) [The Home and the World]
§  Yogayog (1929) [Crosscurrents]
Poesia
§  Manasi (1890) [The Ideal One]
§  Sonar Tari (1894) [The Golden Boat]
§  Gitanjali (1910) [Song Offerings]
§  Raja (1910) [The King of the Dark Chamber]
§  Dakghar (1912) [The Post Office]
§  Gitimalya (1914) [Wreath of Songs]
§  Achalayatan (1912) [The Immovable]
§  Gardener (1913)
§  Balaka (1916) [The Flight of Cranes]
§  Fruit-Gathering (1916)
§  The Fugitive (1921)
§  Muktadhara (1922) [The Waterfall]
§  Raktakaravi (1926) [Red Oleanders]


domingo, 28 de outubro de 2012

Credo da Paz - Ralf Maxwell Lewis




Ralph Maxwell Lewis, F.R.C. (1904-1987) foi um famoso Rosacruz, escritor e místico; deu seqüência a obra do pai, Dr. Harvey Spencer Lewis, tendo sido o segundo Imperator da Ordem Rosacruz – AMORC (Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis) para a Jurisdição Internacional deste segundo Ciclo Iníciático no Ocidente, de 1939 à à 1987. Na Fédération Universelle des Ordres et Sociétés Initiatiques, F.U.D.O.S.I., ele era conhecido com o nome místico de Sâr Validivar


Credo da Paz - Ralf Maxwell Lewis


Sou responsável pela guerra quando orgulhosamente faço uso da minha inteligência para prejudicar o meu semelhante; Sou responsável pela guerra quando menosprezo as opiniões alheias que diferem das minhas próprias; Sou responsável pela guerra quando desrespeito os direitos alheios; Sou responsável pela guerra quando cobiço aquilo que uma outra pessoa conseguiu honestamente; Sou responsável pela guerra quando abuso da minha superioridade de posição privando outros de sua oportunidade para progredir; Sou responsável pela guerra se considero apenas a mim próprio e a meus parentes pessoas privilegiadas; Sou responsável pela guerra quando me concedo direitos para monopolizar recursos naturais; Sou responsável pela guerra se acredito que outras pessoas devem pensar e viver da mesma maneira que eu; Sou responsável pela guerra quando penso que sucesso na vida depende exclusivamente do poder da fama e da riqueza; Sou responsável pela guerra quando penso que a mente das pessoas deve ser dominada pela força e não educada pela razão; Sou responsável pela guerra se acredito que o Deus de minha concepção é aquele em que os outros devem acreditar; Sou responsável pela guerra quando penso que o país em que nasce o indivíduo deve ser necessariamente o lugar onde ele tem de viver; 


Os verdadeiros preceitos da Paz não são legislados, porém formados nas aspirações pessoais e na conduta de milhões de indivíduos. A ignorância proporciona uma felicidade perigosa. A verdadeira Paz nasce do conhecimento que faz desaparecer o medo. Quando os homens perceberem finalmente sua dependência comum manifestar-se-á uma compreensão que transcenderá as barreiras de tempo e espaço, credo e raça.


Sou responsável pela paz se direciono correta e construtivamente os poderes da minha mente; Sou responsável pela paz se concedo ao meu semelhante o direito pleno de se expressar, de acordo com o seu próprio entendimento das verdades da vida; Sou responsável pela paz se reconheço que os meus direitos cessam quando iniciam os direitos dos outros, e aceito isso com um mínimo
indispensável de disciplina; Sou responsável pela paz se faço uso dos meus poderes interiores para criar minhas próprias oportunidades; Sou responsável pela paz se consigo promover a evolução dos que me cercam, sem considerar a minha posição ameaçada, e entendo que esta é a minha maior fonte de sucesso; Sou responsável pela paz se compreendo que as Leis Cósmicas diferem das leis criadas pelo Homem, e que nenhum direito divino especial é concedido a alguém unicamente por seu berço; Sou responsável pela paz se reconheço que os recursos naturais devem servir indistintamente a todas as formas de vida, e que não me cabem direitos exclusivos sobre eles; Sou responsável pela paz se compreendo que nada é mais livre do que o pensamento, e que o pensamento construtivo transforma o Homem direcionando-o para a sua verdadeira meta; Sou responsável pela paz quando sinto que toda felicidade depende do simples fato de existir... de estar de bem com a vida; Sou responsável pela paz se percebo que todo ser humano poderá vir a ser um grato amigo, quando convencido pela argumentação sincera; Sou responsável pela paz se considero que a Alma de Deus adquire personalidade no Homem, e que este só pode conceber Deus a partir de sua própria percepção da Divindade; Sou responsável pela paz se reconheço a mim e ao meu semelhante como partes integrantes do Universo, e que a cada um cabe a busca do lugar onde melhor possa servir; 

Se estou em paz, eu promovo a paz dos que me cercam. Por sua vez, eles promovem a paz daqueles que estão à sua volta e que também farão o mesmo. Então, a paz começa por mim! E sem ela não pode haver a necessária transformação social.


Paz Profunda

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

FRÉDERIC-RODOLPHE SALZMANN SALZMANN




Nasceu em Saint-Marie-aux-Mines, Alsácia, conselheiro da legação da Saxônia ducal, preceptor do barão de Stein (o futuro ministro prussiano) em 1774, é um jurista de pro¬fissão e passa quase toda sua vida em Estrasburgo, onde se consagrou ao estudo dos teósofos. Salzmann adquire a livraria acadêmica de Estrasburgo, convertendo-se assim em editor-li¬vreiro, o que lhe assegura uma relativa tranqüilidade, momentaneamente interrompida pela tormenta da revolução. Amigo de Oberlin, de Juan de Turckheim, de Jacob Lenz, de H.L. Wagner, místicos e teósofos conhecidos de Goethe, com quem funda uma revista, "Der Bur¬gerfreund".

Durante anos, e até o fim de seus dias, foi amigo devoto de Willermoz. Com Juan de Turckheim, seu compatriota estrasburguês, Salzmann organiza o sistema dos C.B.C.S.(Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa), tomando parte ativa no convento de Wi¬lhelmsbad (1782), e será para sempre na Alsácia, o representante autorizado dos Grandes Pro¬fessos. 
Se lhe verá atuar como intermediário entre Willermoz e os príncipes alemães Charles de Hesse-Cassel e Fernando de Brunswick.

Em 1788 conhece Saint-Martin em Estrasburgo, onde o Filósofo Desconhecido passa um dos períodos mais felizes de sua vida em companhia dos místicos alsacianos, dos que Salzmann e Madame de Bocklin formam parte.

Sem dúvida, se deve a Salzmann, como certamente sucedeu com Madame de Bocklin, que Saint-Martin se tenha interessado pela filosofia de Jacob Boehme, Salzmann se inspira no pensamento do sapateiro de Goerlitz, porém o faz também com o de Engelbrecht, Oetinger, Bengel, Hann. Se corresponde com Jung-Stilling, Lavater, Georg Muller, Moulinié, Saint-Martin, o bispo Grégoire, Oberlin, Friedrich von Meyer, Gotthilf Heinrich von Schube¬ert, Emil von Darmstadt, Madame de Krudener, Nuscheler e outros escritores e teóso¬fos.

Sua obra inicial, "Tudo se renovará, aparece em sete partes, desde 1802 a 1810, contendo numerosos extratos de leituras teosóficas e notas pessoais. Se encontram páginas de Ruysbroeck, Tersteegen, Catherine de Sienne, Antoinette Bourignon, Madame Guyon, Jane Lead, Swedenborg, Browley, autores que Salzmann faz conhecer aos leitores da Alsácia, Ale¬manha do Norte e Suíça.
Neste trabalho, Salzmann expõe interessantes idéias sobre o estado da alma depois da morte e acerca da ressurreição.

Antes de ressuscitar temos de atravessar um estado transitório, prévio ao passo definitivo ao céu ou ao inferno; Salzmann trata de fazer desta maneira aceitável aos protestan¬tes a teoria católica do purgatório. 

É autor de quinze volumes, entre os que se encontram também: "Acerca dos últimos tempos" (1805), crítica de uma obra de Kelber; "Miradas sobre os mistérios das inten¬ções de Deus em relação a Humanidade "(1810).

Salzmann apresenta uma cosmogonia de caráter nitidamente martinista: A rebe¬lião dos anjos foi a origem de um caos, com que Deus fez uma maravilhosa morada para que servisse de habitação ao homem.
A desordem dos elementos é a conseqüência da queda de Adão.
Salzmann profetiza em mais de uma ocasião o fim dos tempos.

Se lhe tem confundido muitas vezes com seu primo Johann Daniel Salzmann, secretario de uma comissão municipal (Actuarius) e comensal habitual na casa de Goethe, Jung-Stilling e Herder por volta de 1771.

Este amigo de Goethe morreu em 1812, e o amigo de Saint-Martin faleceu em 1821.
* Sobre Salzmann consultar: "Lettres choisies" (de Salzmann), traduzidas do alemão para o francês por M.E.C. e precedidas de um estudo sobre o misticismo, París, Ed. Chacornac, 1906;

Anne-Louise Salomon, F.R. Salzmann, París, Berger-Levrault, 1932, e também a obra de René Le Forestier, La Franc-Maçonnerie occultiste au XVIII siécle et LÓrdre des Elus-Cohen, París, Dorbon, 1928;

La Franc-Maçonnerie occultiste et Templiére aux XVIII et XIX siécles, París, Aubier-Nauwelaerts, 1970, publicado por A. Faivre.

Texto extraído de: http://ombrasil.blogspot.com.br

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

IOM KIPUR



Em hebraico significa "dia da expiação". Desde os tempos mais primitivos os judeus respeitam este dia como o mais significativo de todos os dias santificados do calendário judaico.

Nas culturas primitivas praticavam-se ritos mágicos, baseados na crença de que os pecados dos indivíduos, não somente lhes causavam sofrimento pessoal como que também provocavam a ira daquele que possuía poderes invisíveis.


Historicamente, à medida que passavam os séculos também se construía no povo judeu um conceito de aprimoramento espiritual e de justiça social. Nesse processo, eles iam adquirindo sentimentos de culpa perturbadoras o que os levava a uma autorreavaliação e à compulsão de modificar esses sentimentos através do arrependimento.

No pensamento social da religião judaica, o mal feito por um indivíduo não era considerado como um assunto privado, uma vez que as consequências incidiam sobre a vida dos outros e frequentemente de toda a comunidade. Vivia-se com o temor de coisas terríveis que pudessem acontecer :desde secar os poços de água, fracasso das colheitas, epidemia de doenças e mortes no gado, tudo isso era dramático na cultura agro-pastoril. Era, portanto, uma questão de vida ou morte para a comunidade apaziguar a ira do Todo-Poderoso.

Assim, era costume realizar algumas cerimônias com o objetivo de compensar com oferendas os pecados cometidos.

No ritual de sacrifício do carneiro, no Templo, havia uma transferência mágica dos pecados cometidos para o animal, impedindo o castigo coletivo.

Com a destruição do segundo templo, na diáspora esses sacrifícios foram substituídos pelo ritual da kapará, que alguns tradicionalistas continuam fazendo até hoje.

Nessa transição, que levou vários séculos, cada vez mais o indivíduo passou a assumir a responsabilidade moral de suas próprias ações. Então, a "expiação" se torna arrependimento, uma transformação que a pessoa devia sofrer "por dentro" e alcançá-la torna-se o objetivo de todos os ritos e orações de Iom Kipur.

O dia de Iom Kipur se comemora fazendo jejum; é um dia austero no comportamento e nas vestes. A lei judaica leva o povo judeu às sinagogas onde se reza com orações contínuas de dor e arrependimento.

O Talmud explica que embora o homem se veja diante do julgamento Divino em Rosh Hashaná, o período de penitência se prolonga por dez dias até o dia de Iom Kipur, quando o julgamento da sua sorte fica selado (confirmado).

Texto de Raquel Melamed
Grupo Iachad – Na'amat Porto Alegre

sábado, 22 de setembro de 2012

Ostara



Primeiro dia da primavera (Equinócio da Primavera).
Em 2012, no Hemisfério Sul, ocorre no dia 22/Set às 11:48 



O Sabbat do Equinócio da Primavera, também conhecido como Sabbat do Equinócio Vernal, Festival das árvores, Alban Eilir, Ostara e Rito de Eostre, é o rito de fertilidade que celebra o nascimento da Primavera e o redespertar da vida na Terra. Nesse dia sagrado, os Bruxos acendem fogueiras novas ao nascer do sol, se rejubilam, tocam sinos e decoram ovos cozidos - um antigo costume pagão associado à Deusa da Fertilidade.

Os ovos, que obviamente são símbolos da fertilidade e da reprodução, eram usados nos antigos ritos da fertilidade. Pintados com vários símbolos mágicos, eram lançados ao fogo ou enterrados como oferendas à Deusa. Em certas partes do mundo pintavam-se os ovos do Equinócio da Primavera de amarelo ou dourado (cores solares sagradas), utilizando-os em rituais para honrar o Deus Sol.

Os aspectos da Deusa invocados nesse Sabbat são Eostre (a deusa saxônica da fertilidade) e Ostara (a deusa alemã da fertilidade). Em algumas tradições wiccanas, as deidades da fertilidade adoradas nesse dia são a Deusa das Plantas e o Senhor das Matas.

Como a maioria dos antigos festivais pagãos, o Equinócio da Primavera foi cristianizado pela Igreja na Páscoa, que celebra a ressurreição de Jesus Cristo. A Páscoa (em inglês "Easter", nome derivado da deidade saxônica da fertilidade, Eostre) só recebeu oficialmente esse nome da Deusa após o fim da Idade Média.

Até hoje, o Domingo de Páscoa é determinado pelo antigo sistema do calendário lunar, que estabelece o dia santo no primeiro domingo após a primeira lua cheia, no ou após o Equinócio da Primavera. (Formalmente isso marca a fase da "gravidez" da Deusa Tríplice, atravessando a estação fértil.) A Páscoa, como quase todas as festividades religiosas cristãs, é enriquecida com inúmeras características, costumes e tradições pagãs, como os ovos de Páscoa e o coelho. Os ovos, como mencionado, eram símbolos antigos de fertilidade oferecidos à deusa dos Pagãos. A lebre era um símbolo de renascimento e ressurreição, sendo animal sagrado para várias deusas lunares, tanto na cultura oriental como na ocidental, incluindo a deusa Ostara, cujo animal era o coelho.

Os alimentos pagãos tradicionais do Sabbat do Equinócio da Primavera são os ovos cozidos, os bolos de mel, as primeiras frutas da estação em ponche de leite. Na Suécia, os "waffles" eram o prato tradicional da época.

Incensos: violeta africana, jasmim, rosa sálvia e morango.
Cores das velas: dourada, verde, amarela.
Pedras preciosas sagradas: ametista, água-marinha, hematita, jaspe vermelho.
Ervas ritualísticas tradicionais: bolota, quelidônia, cinco-folhas, crocus, narciso, corniso, lírio-da-páscoa, madressilva, íris, jasmim, rosa, morango, atanásia e violetas.


Texto publicado em Sanctum Sanctorum .'. por Maria Conceição Baptista

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O HOMEM DAS ALTURAS E O HOMEM DA TORRENTE




O HOMEM DAS ALTURAS E O HOMEM DA TORRENTE 
Por Marc Haven (Dr. Emmanuel Lalande)

A assustadora, esmagadora a massa de obras publicadas sobre as questões religiosas: livros sagrados, comentários, apologética, história das religiões e - especialmente desde o século XVIII crítica dos textos, estudos sobre os mitos, sobre a evolução das religiões, pesquisas sobre a natureza da fé, sobre suas origens! O salão da Biblioteca Nacional não seria suficiente para abrigar todos esses livros.


É apavorante, atroz, o pensamento dos rios de sangue derramados, das torturas suportadas desde os tempos primitivos até nossos dias em nome dessas duas palavras: os dogmas, a fé.


O que existe é o homem, com um coração que ama, que gostaria de ser amado, de compreender melhor para melhor amar. E isto é tudo. É isto que sentimos, que sabemos, que nasce em nós, conosco.


O homem ama a partir do momento em que pensa. Como o feto que, tão logo desligado de sua mãe, torna-se um eu, abre sua boca, busca o ar em um primeiro grito; da mesma forma a alma humana, desde que pensa - e isto se dá muito rápido - ama, busca o amor, estende seus braços às carícias da natureza e às dos homens.

Surgiu então diante dele um homem com estátuas ou uma mulher com bonecas, todos os dois o cativando com cantos e imagens atraentes, falando de misteriosos perigos, de livros sagrados, de promessas, de ameaças, de segredos.


A partir do momento em que um homem te diz: "Eis o livro sagrado, eis o único, o verdadeiro livro; eis o Credo que se faz mister saber, vinde ao Meu Templo...", esteja certo de que tens diante de ti um homem que o orgulho, o erro ou, ainda mais freqüentemente, o interesse, fazem falar. Não discuta, fuja, fuja aterrorizado!

A partir do momento em que em tuas pesquisas teus olhos caem sobre um livro intitulado Críticas de tal religião, exposição de tal doutrina, ensaio sobre a evolução dos dogmas, etc., não o abras, foge, foge desgostoso.


Mais ainda, quando tua razão se mostra inquieta, levanta objeções sobre a antinomia da Fé e da Ciência, afasta esse fantasma, reencontra o bom cantinho, a natureza, o mundo vivente, harmonioso; foge da tua razão! foge dos demônios que deixaste penetrar em ti. Porque não são os homens, nem os livros, nem tua Ciência que irão te fornecer a solução do problema; nem o saber, nem a Paz.


É certo que se podem escrever volumes sobre volumes sem esgotar a história das loucuras, das crueldades humanas. É certo que houve segredos, conchavos, autos-de-fé, predicações e ritos desde a aurora dos tempos até nossos dias. Mas de que serviram todos esses atos, que adiantaria para ti estudá-los? Que ganharíamos com isto?

Que ganhará aquele que deixar de ser judeu para tornar-se cristão, protestante, depois católico? Não terá ele o mesmo coração, provavelmente inquieto com o mesmo escrúpulo? Não, o problema é outro e mais simples e resulta do seguinte:

Há duas categorias de seres humanos, apenas duas. Temos, de um lado, aquele que ainda possui, desenvolvido, o estado de espírito original de seus primeiros dias e que chamaremos o espírito religioso:


esse ímpeto de amor que ele havia potencialmente engendrado. Ele pode pertencer a não importa que seita, confissão ou sociedade; ele busca, deseja a felicidade para si e para os outros; ama e gostaria de ser amado. Essa emoção que o emudece diante do belo, empurra-o para o bem, é um movimento irreversível espontâneo, diante do qual ele esquece inteiramente de si. Amo, desejo, quero compreender (isto é, tomar em mim, reunir à unidade em mim). Busco por detrás do objeto da idéia sua tradução em minha língua pessoal, seu eco em meu coração, seu parentesco com aquele desconhecido que persigo por todo o Universo, sob todos os fenômenos.


Quero apenas esta relação com a unidade, um número, um local em um sistema lógico? Não, isto não passaria de um puro jogo filosófico, que não preencheria nem meu coração, nem minha vida. É o amor que me preme e que eu chamo, é um ser vivente e amante que busco, não uma fórmula. Por que? Porque sou feito assim. Não tenho a pretensão de explicá-lo, mas eu o sinto, eu o vivo, e isto ultrapassa toda explicação.

O fato de formular este problema, a emoção que me emudece, já me mostram que a solução existe, que o problema está mesmo resolvido. "Não me buscarias se já não me tivesses encontrado" (em ti).


Já encontramos estas palavras de Jesus expressadas quatro mil anos antes de sua vinda, nos textos dos Sábios da China. É um entusiasmo imperioso, não uma adivinhação filosófica fria, indiferente. Eis a diferença!


Aqueles que mantiveram em si esse fogo divino - por menos numerosos que sejam em alguma família, em algum lugar que o destino os tenha colocado, pessoas importantes no mundo ou simples camponeses, sacerdotes ou soldados - fazem parte do mesmo grupo.
Através do espaço, ignorando inclusive suas existências, eles estão unidos em um mesmo ideal. Nenhuma seita os prende, e nenhuma raça, nenhuma profissão interpõe barreira entre eles.


Esse estado de espírito não se limita a ser um sentimento improdutivo. Os que o possuem agem; seus atos são simultâneos, intercambiáveis e fecundos. Do sentimento nasce o saber, o conhecimento real, o discernimento dos espíritos (discernir os espíritos é reconhecer em cada indivíduo seu mandato, seu nome, a função para a qual ele foi criado e ajudá-lo no cumprimento de sua obra). Sua vida é caridosa por seu exemplo. O caminho se revela diante deles e eles podem indicá-lo aos outros. Esse caminho é a renúncia ao "Eu", o abandono ao espírito, o caminho da Cruz.


Mas não se trata aí de uma religião, menos ainda de uma ciência ou filosofia. A religião formula seu Deus, seu Credo. É Manu, Jeová ou o Sol. Ela cria ritos, castas, sanções, constroem templos e celas. Ela entra no mundo para a conquista desse mundo. O espírito religioso não formula nada, não limita nada, conhecedor que é da fragilidade de sua razão, da mobilidade da sua imaginação. Ele encontra o UM presente tanto na floresta quanto na cidade. Ele não materializa o espírito nas palavras ou em pedras; ao contrário, ele transmuta a matéria em espírito, sabendo que dessas pedras Deus pode fazer nascer os Filhos de Abraão. Ele faz sacrifício em todos os Templos e mesmo em lugares públicos. Fato capital que diferencia o espírito religioso do espírito do mundo, seja em meio aos acadêmicos ou às Igrejas; é que o espírito religioso é um sentimento e em nada revela ostentação. É um amor, é o Amor, enquanto que o espírito do mundo é científico, repousa sobre a experiência, sobre o raciocínio, recusando qualquer elemento emotivo.

Os que compõem esta segunda classe da humanidade são as pessoas práticas positivas: homens de negócio, de ação, os struggle for life, que observam, classificam, pensam tudo e buscam tirar o melhor partido possível de tudo o que os cerca para a ampliação do seu Eu. Eles podem atingir, no homem de ciência, no homem de estado, uma grandeza considerável, elevar-se a alturas metafísicas que, à primeira vista, se confundem com o espírito religioso, mas que dele diferem inteiramente pelo fato de partirem da sensação, atribuindo ao mundo exterior uma importância primordial; apóiam-se na razão, na lógica, como meio, e têm um único objetivo: o desenvolvimento do seu Eu ao máximo de suas possibilidades, mesmo que às expensas de outrem. É o Ser racional que não abre nele os diques do amor, a não ser que esteja seguro de auferir daí um proveito imediato ou futuro.


Ora, os dados dos sentidos nos quais ele se apóia são inverificáveis; nossas sensações subjetivas, incomunicáveis. A razão é uma máquina muito aperfeiçoada, mas que não pode trazer nenhum resultado, nenhum novo produto. Ela molda o grão; não saberia produzi-Ia. Se ela é empregada por um coração humano, dirigi da e alimentada por ele, então fornecerá um trabalho melhor ou pior, segundo o valor do operário. Mas, mesmo neste caso, ela é incapaz de nos revelar o ser e os sentimentos daquele que o emprega. Já o filósofo conhece apenas a razão, só quer servir-se dela. Ele parte do nada e chega ao nada; do desconhecido no infinitamente grande, ao desconhecido no infinitamente pequeno, das nebulosas ao átomo, da massa inexistente à força incompreensível sem ela. Ele discute inclusive os postulados de que parte e, sobre esta ciência, alicerça uma moral, uma sociologia.


Suas produções materiais, suas leis, servem o mal com a mesma intensidade que o bem. Ele se cerca de um nevoeiro, se enreda nos elos; cria para si uma vestimenta de folhas e de peles de animais que chegam a fazer desaparecer seu próprio corpo. Ao cultivar a vontade, o Eu, semeia o germe das futuras destruições. E não poderia se dar de forma diferente, já que sua inteligência, oposta ao espírito, ao UM, traz o selo do binário, da divisão.

É assim que a humanidade se encontra dividida em duas categorias de seres que, mesmo falando a mesma linguagem, mesmo que intimamente misturados em sua vida cotidiana e sob o verniz da mais perfeita cortesia, são e permanecerão eternamente inimigos. É exatamente quando têm o ar de estarem no mais perfeito acordo, é quando pronunciam as mesmas frases, que estão mais distanciados do ' coração.


Em todos os países, em todas as raças e religiões, pode-se encontrar uns - em pequeno número - e outros em massa, porque o egoísmo, a luta pela vida, reinam na humanidade. Mas essa grande massa que se inclina diante da ciência, diante da razão, a última deusa, não tem o poder que se poderia supor. Interesses, ambições, crenças, fazem de cada um o inimigo daquele que deveria ser seu companheiro de armas na batalha contra os defensores do espírito. Os homens de ação, de luta, destroem incessantemente pela própria prática de seus princípios, essas nações que eles construíram pela conquista, cercadas de fronteiras, de leis, nações sempre perturbadas por trustes, greves, guerras, revoluções, até o ponto em que não restem senão as agulhas das coníferas.

Entre eles, semeados pelo mundo, estão os outros, aqueles que chamamos "homens de espírito religioso". Artesãos, camponeses, padres ou soldados, pouco importa, são os justos de que fala o Zohar, aqueles dos quais basta um para salvar uma cidade. São os operários do Senhor, os sustentáculos do Mundo. Eles vivem irreconhecíveis no meio da multidão, desprezados em geral, longe dos colégios, das capelas, mais longe ainda das sociedades ditas iniciáticas. Em torno deles encontram-se alguns homens dotados, que vivem de sua luz, que respiram suas almas.


É a estes "homens dotados" que falamos, que lembramos a frase de Lao-Tsé: "Retornai à simplicidade primitiva", e o ensinamento do Cristo: "Se não vos tornardes crianças, não conhecereis o Reino de Deus".


Porque na simplicidade primitiva o homem possuía esse poder de amor que engendra o homem de desejo, depois o Homem-Espírito. A porta superior do seu coração se abre: o Espírito penetra nele, ele se torna UNO nesse espírito com o Senhor. Ele tem toda liberdade, todos os poderes, como disse o apóstolo Paulo: "O Senhor é espírito; lá onde está o espírito, está também a liberdade". Aí se encontra o único problema que se coloca e que se faz mister resolver; é o único caminho a seguir; é a boa nova (Evangelho) que, de idade em idade, sob formas diversas, os anjos vêm repetir, da qual eles testemunham por vezes ao custo de sua vida, sempre ao custo da sua paz e da sua felicidade, quando não se elevam a esta suprema santidade que Nosso Senhor Jesus Cristo foi o único a atingir, nas alturas da sua Cruz.


19 de agosto de 1926


Esta matéria foi republicada no N. 1 de 2002 da edição francesa de L´Initiation.
Retirado da edição em português da revista L´Initiation, N. 9 de 2003.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

As 12 Etapas do OCULTO ao MÍSTICO

Psiquê Resgatada por Eros
A Alma reintegrada ao Espírito, Através do Amor Crístico

As 12 Etapas do
OCULTO ao MÍSTICO

Por F. R. Colombo


I
                  A Ciência Oculta trata de despertar as faculdades superiores do homem, para que este perceba e assuma responsabilidade perante sua verdadeira situação em relação à natureza, a divindade, o universo e a si mesmo. O ocultista procura pesquisar e compreender as forças invisíveis, visando controlá-las e dirigi-las conscientemente em favor da evolução, para que o bem maior da humanidade seja alcançado.

II
                  Porém, o ocultista, é antes de tudo um teórico que, através de estudos como o Hermetismo, a Alquimia, a Astrologia e a Cabala, procuram desvendar os mistérios invisíveis, para depois encontrar os meios de com eles atuar; contudo, são os "magistas", os operadores práticos dos fenômenos de manifestação das forças invisíveis que, para isso, utilizam-se da "Magia", da "Psicurgia" e da "Teurgia".

III
                  O Ocultismo admite duas forças fundamentais aplicáveis à matéria: a primeira, cujo comando verbal é avrah k'davra, é a força involutiva de coesão, densificação, materialização, precipitação ou aglutinação; e a segunda, cujo comando é avadah k'davra, é a força evolutiva de dispersão, sutilização, espiritualização, projeção ou dissolução da matéria. Dessa maneira, a primeira aprisiona e a segunda liberta o Espírito.

IV
                  Essas forças são aplicadas em diferentes Planos de Existência, que são estados de consciência que condicionam a percepção da realidade pelo ser humano. Enquanto o operador progride em suas habilidades, aprende a vivenciar múltiplas realidades, a fim de nelas atuar. Essas realidades, chamadas de Mundos Internos, vão muito além da percepção da pessoa humana comum.

V
                  Magia (do Persa, Magi, "sabedoria") é a ciência que estuda os segredos ocultos da natureza e do homem, e o conjunto das práticas ritualísticas e cerimoniais para o domínio destes segredos. Essas práticas, através de evocações (rogas) ou conjurações (exigências) pretendem a manifestação das forças invisíveis, para que estas executem a vontade do operador, sejam elas involutivas ou evolutivas.

VI
                  As operações mágicas trabalham com os Planos Etérico e Astral, que abrigam as formas subjetivas sustentadas pela energia vital e formadas pelas emoções humanas que, uma vez iluminadas pela Luz Divina, projetam no Plano Físico as formas objetivas que preenchem a realidade humana, construindo todos os objetos, corpos físicos e fenômenos naturais.

VII
                  Nesses Planos trabalha-se com os elementais, que constroem as formas físicas, os artificiais, construídos pelos pensamentos humanos, e os elementares, também chamados "sombras astrais", provenientes da humanidade desencarnada já desprovida da Alma. Todos esses seres sempre seguem a intenção do operador, seja qual for. Já a assistência superior nesses Planos é proporcionada pelos Discípulos da Fraternidade Planetária.

VIII
                  Psicurgia (do Grego, Psiquê e Ergein, "obra da alma"), é a arte que estuda os segredos ocultos da Alma,seja ela de natureza humana ou não, seu relacionamento com o homem e com Deus, e é também o conjunto das práticas ritualísticas e cerimoniais utilizadas tanto para atrair a Alma, para que atue na realidade humana, quanto para elevar o homem para o nível de consciência da Alma.

IX
                  As operações psicúrgicas trabalham com os Planos Mental e Causal, que abrigam as ideias e conceitos formados pelos pensamentos e os arquétipos da natureza humana. Fazem parte desses Planos os Devas e elementais, construtores dos pensamentos, as almas grupais dos animais, os corpos devacânicos da humanidade desencarnada, e os seres humanos altamente evoluídos, como os Iniciados e Adeptos da Fraternidade Planetária.

X
                  Teurgia (do Grego, Theoi e Ergein, "obra divina") é a arte de incorporar a força divina em objetos consagrados e no ser humano, visando a comunhão deste com Deus: mediante estudos, técnicas e cerimônias que evocam a presença de "Entidades Espirituais Superiores", sejam Estas de natureza planetária ou cósmica, para que atuem nos Planos da realidade humana e na Alma do homem.

XI
                  As operações teúrgicas trabalham com os Planos Espirituais Superiores, sejam terrestres ou celestiais, Planos estes que abrigam os arquétipos divinos que sustentam toda a criação, de onde procedem as Causas Primeiras e a Luz Divina. Fazem parte desses Planos os Choans, Budas, Mahadevas, Logos Planetários e Solares, Anjos, Arcanjos, Serafins e outros Grandes Seres da Hierarquia Divina, comprometidos com a humanidade.

XII
                  Assim, o ocultista pode agir na natureza através da "Magia" e atrair a Alma a si através da "Psicurgia"; porém, quando regenerado na Luz da Alma, passa a eleva-se à Ela, empreendendo assim não mais um trabalho OCULTO, e sim MÍSTICO. Então,  através da "Teurgia", rende-se ao Pai Celeste, nasce como Filho de Deus na pura essência da Alma, reconcilia-se em Cristo e reintegra-se ao Espírito, em busca d’O Absoluto.

Amém.


F. R. COLOMBO

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