Nasceu em Saint-Marie-aux-Mines,
Alsácia, conselheiro da legação da Saxônia ducal, preceptor do barão de Stein
(o futuro ministro prussiano) em 1774, é um jurista de pro¬fissão e passa quase
toda sua vida em Estrasburgo, onde se consagrou ao estudo dos teósofos.
Salzmann adquire a livraria acadêmica de Estrasburgo, convertendo-se assim em
editor-li¬vreiro, o que lhe assegura uma relativa tranqüilidade,
momentaneamente interrompida pela tormenta da revolução. Amigo de Oberlin, de
Juan de Turckheim, de Jacob Lenz, de H.L. Wagner, místicos e teósofos
conhecidos de Goethe, com quem funda uma revista, "Der
Bur¬gerfreund".
Durante anos, e até o fim de seus
dias, foi amigo devoto de Willermoz. Com Juan de Turckheim, seu compatriota
estrasburguês, Salzmann organiza o sistema dos C.B.C.S.(Cavaleiros Benfeitores
da Cidade Santa), tomando parte ativa no convento de Wi¬lhelmsbad (1782), e
será para sempre na Alsácia, o representante autorizado dos Grandes
Pro¬fessos.
Se lhe verá atuar como
intermediário entre Willermoz e os príncipes alemães Charles de Hesse-Cassel e
Fernando de Brunswick.
Em 1788 conhece Saint-Martin em
Estrasburgo, onde o Filósofo Desconhecido passa um dos períodos mais felizes de
sua vida em companhia dos místicos alsacianos, dos que Salzmann e Madame de
Bocklin formam parte.
Sem dúvida, se deve a Salzmann,
como certamente sucedeu com Madame de Bocklin, que Saint-Martin se tenha
interessado pela filosofia de Jacob Boehme, Salzmann se inspira no pensamento
do sapateiro de Goerlitz, porém o faz também com o de Engelbrecht, Oetinger,
Bengel, Hann. Se corresponde com Jung-Stilling, Lavater, Georg Muller,
Moulinié, Saint-Martin, o bispo Grégoire, Oberlin, Friedrich von Meyer,
Gotthilf Heinrich von Schube¬ert, Emil von Darmstadt, Madame de Krudener, Nuscheler
e outros escritores e teóso¬fos.
Sua obra inicial, "Tudo se
renovará, aparece em sete partes, desde 1802 a 1810, contendo numerosos
extratos de leituras teosóficas e notas pessoais. Se encontram páginas de
Ruysbroeck, Tersteegen, Catherine de Sienne, Antoinette Bourignon, Madame
Guyon, Jane Lead, Swedenborg, Browley, autores que Salzmann faz conhecer aos
leitores da Alsácia, Ale¬manha do Norte e Suíça.
Neste trabalho, Salzmann expõe
interessantes idéias sobre o estado da alma depois da morte e acerca da
ressurreição.
Antes de ressuscitar temos de
atravessar um estado transitório, prévio ao passo definitivo ao céu ou ao
inferno; Salzmann trata de fazer desta maneira aceitável aos protestan¬tes a
teoria católica do purgatório.
É autor de quinze volumes, entre
os que se encontram também: "Acerca dos últimos tempos" (1805),
crítica de uma obra de Kelber; "Miradas sobre os mistérios das inten¬ções
de Deus em relação a Humanidade "(1810).
Salzmann apresenta uma cosmogonia
de caráter nitidamente martinista: A rebe¬lião dos anjos foi a origem de um
caos, com que Deus fez uma maravilhosa morada para que servisse de habitação ao
homem.
A desordem dos elementos é a
conseqüência da queda de Adão.
Salzmann profetiza em mais de uma
ocasião o fim dos tempos.
Se lhe tem confundido muitas
vezes com seu primo Johann Daniel Salzmann, secretario de uma comissão
municipal (Actuarius) e comensal habitual na casa de Goethe, Jung-Stilling e
Herder por volta de 1771.
Este amigo de Goethe morreu em
1812, e o amigo de Saint-Martin faleceu em 1821.
* Sobre Salzmann consultar:
"Lettres choisies" (de Salzmann), traduzidas do alemão para o francês
por M.E.C. e precedidas de um estudo sobre o misticismo, París, Ed. Chacornac,
1906;
Anne-Louise Salomon, F.R.
Salzmann, París, Berger-Levrault, 1932, e também a obra de René Le Forestier,
La Franc-Maçonnerie occultiste au XVIII siécle et LÓrdre des Elus-Cohen, París,
Dorbon, 1928;
La Franc-Maçonnerie occultiste et
Templiére aux XVIII et XIX siécles, París, Aubier-Nauwelaerts, 1970, publicado
por A. Faivre.
Texto extraído de: http://ombrasil.blogspot.com.br
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