Em hebraico significa "dia da expiação". Desde os tempos mais
primitivos os judeus respeitam este dia como o mais significativo de todos os
dias santificados do calendário judaico.
Nas culturas primitivas praticavam-se ritos mágicos, baseados na crença de que
os pecados dos indivíduos, não somente lhes causavam sofrimento pessoal como
que também provocavam a ira daquele que possuía poderes invisíveis.
Historicamente, à medida que passavam os séculos também se
construía no povo judeu um conceito de aprimoramento espiritual e de justiça
social. Nesse processo, eles iam adquirindo sentimentos de culpa perturbadoras
o que os levava a uma autorreavaliação e à compulsão de modificar esses
sentimentos através do arrependimento.
No pensamento social da religião judaica, o mal feito por um indivíduo não era
considerado como um assunto privado, uma vez que as consequências incidiam
sobre a vida dos outros e frequentemente de toda a comunidade. Vivia-se com o
temor de coisas terríveis que pudessem acontecer :desde secar os poços de água,
fracasso das colheitas, epidemia de doenças e mortes no gado, tudo isso era
dramático na cultura agro-pastoril. Era, portanto, uma questão de vida ou morte
para a comunidade apaziguar a ira do Todo-Poderoso.
Assim, era costume realizar algumas cerimônias com o objetivo de compensar com
oferendas os pecados cometidos.
No ritual de sacrifício do carneiro, no Templo, havia uma transferência mágica
dos pecados cometidos para o animal, impedindo o castigo coletivo.
Com a destruição do segundo templo, na diáspora esses sacrifícios foram
substituídos pelo ritual da kapará, que alguns tradicionalistas continuam
fazendo até hoje.
Nessa transição, que levou vários séculos, cada vez mais o indivíduo passou a
assumir a responsabilidade moral de suas próprias ações. Então, a
"expiação" se torna arrependimento, uma transformação que a pessoa
devia sofrer "por dentro" e alcançá-la torna-se o objetivo de todos
os ritos e orações de Iom Kipur.
O dia de Iom Kipur se comemora fazendo jejum; é um dia austero no comportamento
e nas vestes. A lei judaica leva o povo judeu às sinagogas onde se reza com
orações contínuas de dor e arrependimento.
O Talmud explica que embora o homem se veja diante do julgamento Divino em Rosh
Hashaná, o período de penitência se prolonga por dez dias até o dia de Iom
Kipur, quando o julgamento da sua sorte fica selado (confirmado).
Texto de Raquel Melamed
Grupo Iachad – Na'amat Porto Alegre
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