domingo, 2 de dezembro de 2018

Joseph Smith Jr.

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Joseph Smith Jr. (Sharon, 23 de dezembro de 1805 - Carthage, 27 de junho de 1844) foi um religioso e o primeiro presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Hoje conta com dezenas de milhões membros em mais de 206 países pelo mundo.
Quando tinha apenas 14 anos de idade, Joseph foi respondido a uma oração, cuja pergunta era: "Qual de todas as igrejas estava certa?" Ele foi respondido com uma visão, da qual Deus e Jesus Cristo lhe orientam, dizendo que não deveria se unir a nenhuma das igrejas, mas que logo a mesma igreja que fora criada durante o ministério pessoal de Cristo, voltaria para terra.
Em 1829 aos 24 anos, Joseph Smith afirma ter sido chamado como profeta de Deus, assim como Moisés, Abraão e muitos outros na Bíblia, servindo como um instrumento nas mãos de Deus para restaurar a Igreja primitiva de Jesus Cristo, e todos seus ensinamentos que foram perdidos. Ele foi o responsável por traduzir as placas de ouro e publicar a tradução do Livro de Mórmon (Outro testamento de Jesus Cristo), que de acordo com Joseph, foi um registro escrito no continente americano em placas de ouro, que começou a ser escrito no ano 600 AC por Néfi e seus descendentes, e que foi encontrado por ele através de revelação divina. Ele traduziu esse registro do Egípcio reformado para o Inglês, através do poder de Deus, sendo assim o seu principal fruto como profeta de Deus. 
Joseph testifica que Deus organizou sua Igreja novamente na terra, com a mesma organização existente na igreja primitiva de Jesus, isto é, com profetas e 12 apóstolos.
Os membros da Igreja de Jesus Cristo consideram Joseph Smith um profeta dos tempos atuais. Título semelhante é carregado por todos aqueles que o sucederam na presidência de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Os membros da Igreja também consideram como textos sagrados, todas as suas revelações, publicadas em livro denominado Doutrina e Convênios e Pérola de grande valor. Essas revelações tem a mesma autoridade e importância que as contidas na Bíblia e no Livro de Mórmon. Os membros da Igreja testificam, que Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre (Hebreus 13:8), logo, Cristo irá chamar profetas hoje e sempre, todos participando de uma linhagem de profetas que ensinam continuamente o evangelho, sem discordâncias entre si.
Entre 1830 até 1844, Joseph e os membros da Igreja foram muito perseguidos, pois a igreja crescia muito rápido e os religiosos mais influentes da época estavam atemorizados. Os "mórmons" estavam apenas pregando o evangelho de Jesus Cristo. Porém, a perseguição foi tão grande que eles foram forçados a fugir para Kirtland e posteriormente para Nauvoo. Joseph No dia 6 de abril 1830 organizou oficialmente a igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos dias. Ele foi morto em 27 de junho de 1844 juntamente com seu irmão, Hyrum, quando uma multidão anti-mórmon invadiu a Cadeia de Carthage, onde ele se encontrava preso.
Joseph Smith Jr. nasceu em 23 de dezembro de 1805, em Sharon, Vermont. Seus pais eram Joseph Smith Sr. e Lucy Mack Smith, um casal de fazendeiros migrantes. De família numerosa, tinha dez irmãos e irmãs. Viveu sua infância em fazendas nos estados de Nova Iorque, Vermont e New Hampshire. De origem pobre, a família Smith era religiosa e quase todos os seus membros eram alfabetizados. Entre 1816 e 1817, a família Smith mudou-se para oeste de Nova Iorque, até à vila de Palmyra. A área em que moravam possuía repetidos renascimentos religiosos durante este período. Apesar de nunca ter se tornado adepto a uma das igrejas existentes em sua adolescência, Smith participou de reuniões de todas as igrejas com sua família, como exemplo a Presbiteriana, onde estudavam a Bíblia.
Convivia com sua família na zona rural de Palmyra, quando supostos movimentos evangélicos levaram a um despertar religioso na região manifestação religiosa conhecida como “O Grande Despertar” (Religious Awakening), o que o levou a sérias reflexões pessoais. Ele desejava saber qual daquelas igrejas era correta. Um dia, leu uma passagem na Bíblia que dizia: “ Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada. ” (Tiago 1:5). Joseph decidiu aceitar o convite e perguntar a Deus.
Na primavera de 1820, Joseph foi a um bosque próximo a sua casa e orou para saber a qual igreja deveria unir-se. Em resposta à sua oração, o Pai Celestial e Seu Filho, Jesus Cristo, lhe apareceram. Joseph escreveu: “Quando a luz pousou sobre mim, vi dois Personagens cujo esplendor e glória desafiam qualquer descrição, pairando no ar, acima de mim. Um deles falou-me, chamando-me pelo nome, e disse, apontando para o outro: — Este é Meu Filho Amado. Ouve-O! ” Foi respondido a Joseph que não deveria unir-se a nenhuma das igrejas existentes naquele tempo pois estas estavam todas erradas. E que seus líderes se aproximavam de Deus com a boca, mas não com o coração.
Em 1823, Joseph foi visitado por um mensageiro celestial chamado Morôni, que o guiou a um monte, onde mostrou a Joseph, placas de ouro, que continham a história de uma antiga civilização vinda de Jerusalém, que estabeleceu-se nas Américas por indicação divina. Em 1827, Joseph teve autorização do mensageiro para retirar as placas, e traduziu-as para o inglês com o auxílio do Urim e Tumim. A obra traduzida recebeu o nome de Livro de Mórmon, por causa de um dos profetas do livro chamado Mórmon, que foi quem resumiu e organizou todos os registros desde o começo.

Restauração da religião (1827 - 1830)

Em outubro de 1827, Smith e Emma Smith, sua esposa, mudaram-se de Palmyra a Harmony (agora Oakland), Pensilvânia, com a ajuda de Martin Harris.
Em 6 de Abril de 1830, Joseph e alguns convertidos organizaram a A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. As denominações evangélicas passam a perseguir Joseph e a igreja. Assim, todos os membros da igreja, liderados por Joseph e outros líderes, mudaram-se para Nova Iorque. O primeiro templo é estabelecido em Kirtland, Ohio, em 1836. Apesar da saída dos santos dos últimos dias de Fayette, a perseguição aos religiosos continuou. Sendo assim, novamente os santos dos últimos dias saíram de Ohio e mudaram-se para o Missouri, e depois para Illinois, onde em 1839 surge a comunidade de Nauvoo.
Joseph Smith fundou a cidade de Nauvoo e implementou por revelação moderna, várias leis, como por exemplo, a lei da consagração, onde os membros da recém-restaurada igreja deveriam dispor seus bens ao bispo da Igreja e esses bens eram divididos entre os membros de forma igualitária. Esse modo de organização econômica deu a eles muita prosperidade e rapidamente a cidade cresceu e todos tinham uma altíssima qualidade de vida.

Vida em Ohio

Quando Smith se mudou para Kirtland, Ohio, em janeiro de 1831, sua primeira tarefa era trazer a congregação de Ohio para dentro de sua própria autoridade religiosa por anulação de exposição aos novos convertidos, com "exuberantes dons espirituais". A congregação, liderada por Sidney Rigdon, incluía uma profetisa que Smith declarou ser indigna. Antes da conversão, a congregação também tinha praticado uma forma de comunismo cristão, e Smith adotou um sistema comunal dentro de sua própria igreja, chamando-a de Ordem Unida de Enoch. Por revelação de Deus, Smith começou uma revisão da Bíblia em abril de 1831, no qual ele trabalhava esporadicamente até a sua conclusão em 1833. Assim, na Conferência Geral da Igreja em junho de 1831, ele apresentou a maior autoridade de hierarquia da igreja, o Sacerdócio de Melquisedeque, ou Sacerdócio Maior.
A igreja crescia à medida que novos convertidos chegavam em Kirtland. No verão de 1835 havia quinze congregações para dois mil mórmons que viviam nos arredores de Kirtland. Joseph Smith levou a Oliver Cowderya responsabilidade pregar o evangelho aos indígenas que viviam na região. Embora a missão de converter os índios tenha sido um fracasso, Oliver Cowdery mandou dizer que havia encontrado o local para a Nova Jerusalém no Condado de Jackson, Missouri. Depois de ter visitado o local, em julho de 1831, Smith concordou e pronunciou ao Conselho que aquele deveria ser o lugar central de "Sião". Smith continuou a viver em Ohio, mas visitou o Missouri novamente no início de 1832, a fim de evitar uma rebelião dos Santos proeminentes, incluindo Cowdery, que acreditava que Sião estava sendo negligenciada. A viagem de Smith foi acelerada por um grupo de moradores liderados por ex-Santos, que indignaram-se com a Ordem Unida e o poder político de Smith. A multidão agrediu ferozmente Joseph Smith e Rigdon, que foram cobertos de piche e penas de aves.
Muitos dos não-mórmons que viviam na região do condado de Jackson ressentiam os recém-chegados mórmons por razões políticas e religiosas, temendo uma dominação da região por parte dos mórmons. Muitos ataques contra mórmons começaram em julho de 1833. Smith aconselhou os mórmons a agirem pacientemente e suportar as opiniões contrárias. No entanto, uma vez que os ataques começaram a se agravar, muitos mórmons começaram a se defender, muitas vezes reagindo aos ataques. Porém, muitos deles foram brutalmente expulsos do condado. Smith reuniu todos os santos expulsos do condado e voltaram para o Missouri, em uma expedição paramilitar, mais tarde chamado de Acampamento de Sião. Quando o campo se encontrava em desvantagem numérica, Smith retirou-se e deu uma revelação de que agora não era o tempo para construir a nova jerusalém e deram continuidade a construção do Templo de Kirtland.
Joseph organiza todas as revelações e as coloca em um livro, hoje chamado de Doutrina e Convênios. Smith também traduziu um papiro encontrado, mais tarde publicado como o Livro de Abraão. O Santos construíram o Templo de Kirtland a grande custo, e na dedicação do templo, em março de 1836, eles participaram da doação profetizada, uma cena de visões, visitas de anjos e outras experiências espirituais. Durante o período 1834-1837, os mórmons viveram em paz nos Estados Unidos.
Em 1839 a perseguição na região de Ohio aumentou e eles foram expulsos para o Missouri. Perdendo a posse do Templos recentemente construído.

Vida no Missouri

Depois de deixar o Condado de Jackson, no Missouri, o Santos criaram a cidade de Far West. Também foi iniciada a construção de um novo templo. Durante esta época, milhares de santos dos últimos dias foram guiados por Joseph Smith Jr e Sidney Rigdon para Far West. Porém, a grande maioria dos que seguiram Smith para Far West foram expulsos da região por nativos não mórmons e de outras religiões, inclusive o próprio Smith foi expulso.
Ainda em 1838, Joseph Smith Jr. tomou por decisão que os mórmons deveriam ser candidatos a cargos políticos, como uma forma de defesa dos anti-mórmons. Em 4 de julho, Sidney Rigdon produziu um discurso atacando os anti-mórmons. Esse discurso foi publicado em diversos jornais de Missouri. Em contra ataque, muitos anti-mórmons de todo o país se uniram para ataca-los, centenas de não mórmons mataram cerca de 40 mórmons, incluindo crianças, no Massacre de Haun's Mill, efetivamente acabando com os conflitos.
Em 1 de novembro de 1838, o Santos, incluindo Joseph Smith Jr., se renderam aos 2.500 soldados do Missouri, e concordaram em perder suas propriedades e deixar o estado. Smith foi submetido a corte marcial e quase executado por traição. Porém, Alexander Doniphan, um advogado mórmon, provavelmente salvou a vida de Smith, insistindo em que ele era um civil. Smith foi enviado a um tribunal do Missouri para uma audiência preliminar, onde vários de seus antigos aliados, incluindo o comandante Danite Sampson Avard, viraram-se contra ele. Smith e outros cinco mórmons, incluindo Sidney Rigdon, foram acusados de "atos de traição evidente", e transferidos para a cadeia de Liberty, na região noroeste do Missouri, para aguardar julgamento.
Joseph Smith Jr. e Sidney Rigdon viveram presos por quatro meses. Brigham Young levantou-se em destaque como defensor de Smith. Sob a liderança de Young, cerca de 14 000 jovens Santos dos Últimos Dias viajaram até ao Illinois em busca de terras à venda. Smith passou grande parte de seu tempo na cadeia de Liberty escrevendo textos e declarações aos santos dos últimos dias.
Smith e seus companheiros tentaram escapar pelo menos duas vezes durante os quatro meses de prisão, mas em 6 de abril de 1839, a caminho de uma prisão diferente após a audição do júri, eles foram liberados da pena. E mais tarde a justiça dos Estados Unidos pediu desculpas formais pela pena injustamente imposta sobre eles.

Vida em Nauvoo, Illinois

Ao contrário do Missouri, Joseph Smith e os mórmons foram bem recebidos em Illinois. Joseph Smith Jr. e os [santos dos últimos dias [SUDs]] ocuparam uma região pantanosa do Illinois e fundaram a cidade de Nauvoo. A imagem que a população do Illinois tinha dos santos dos últimos dias era a de um povo trabalhador e muito determinado a servir a Deus. Smith pediu ao governo federal para ajudar na obtenção de reparações. Durante uma epidemia de malária, Joseph Smith e os apóstolos ungiu os doentes com óleo e os abençoou, e muitos milagres e curas foram relatados. Foi vivendo no Illinois que ele enviou Brigham Young e outros membros do Quórum dos Doze Apóstolos para missões na Europa. Estes missionários encontraram muitos convertidos disposto na Grã-Bretanha, iniciando o crescimento da Igreja pelo mundo.
Em dezembro de 1843, sob a autoridade do Quórum Cristo, Smith solicitou o Congresso a fazer de Nauvoo um território independente, com o direito de convocar as tropas federais em sua defesa. Então, Smith anunciou sua candidatura própria para Presidente dos Estados Unidos. O Quórum dos Doze Apóstolos e milhares de outros missionários mórmons e não-mórmons apoiaram com a alegria a candidatura política de Smith. Em março de 1844, na sequência de uma disputa com um burocrata federal, Smith organizou o Conselho dos Setenta. O Conselho serviu para pregar o evangelho para todo o país.

Dissidência em Nauvoo

Devido a várias acusações, Joseph Smith e seus companheiros mais próximos acabaram presos. Em 24 de junho de 1844, Smith e seu irmão, Hyrum Smith, foram levados para a cadeia de Carthage, acusados de fraude. Claramente, Joseph Smith havia ganhado uma grande influência não só entre os santos dos últimos dias, e devido a esse fato, pretendia lançar-se candidato à Presidência dos Estados Unidos. Historiadores acreditam que esse fato tenha contribuído para o assassinato de Joseph Smith Jr. e seu irmão Hyrum Smith em 27 de junho de 1844. Para os membros da igreja, não importa a causa exata de assassinarem ele, mas que assim como os profetas do velho testamento, o própio Cristo e seus apóstolos, também foram assassinados por defenderem a Deus, e com Joseph, não deveria ser diferente.

Morte

O assassinato de Joseph Smith Jr. e Hyrum Smith

Na primavera de 1844 uma fissura se desenvolveu entre Smith e alguns de seus colaboradores mais próximos, mais notavelmente em William Law e Robert Foster, um general da Legião Nauvoo. William Law e Robert Foster discordaram de Smith sobre como gerenciar a economia teocrática de Nauvoo. Após a organização dos dissidentes, Smith excomungou-os em 18 de abril de 1844. Os dissidentes formaram uma igreja concorrente e, no mês seguinte, Smith enfrentou a justiça do Illinois sendo acusado de fraude bancária. Em resposta à igreja criada pelos dissidentes, Smith e seus seguidores defenderam-se dos argumentos apresentados por grande parte dos líderes dos dissidentes, e, em um discurso, Smith negou veementemente que praticava a poligamia. Após os dissidentes publicarem um novo jornal que tinha como título "auto-composição monarca", o Conselho dos Cinqüenta decidiu não processar os dissidentes e manter a situação da forma como estava.
Assim, em 7 de junho de 1844, os dissidentes propuseram uma reforma dentro da igreja. O jornal criado pelos dissidentes denunciou a poligamia e argumentou apresentar a realidade de Smith, prometendo mostrar provas de suas alegações em sucessivas edições. Em uma reunião do conselho da cidade de Nauvoo, Smith voltou a negar que a igreja estava praticando a poligamia. Sobre a teoria de que o jornal não possuía provas contra os mórmons, o Conselho ordenou à Legião Nauvoo denunciar o jornal como uma perturbação da ordem pública.
Smith aceitou a decisão do Conselho dos Cinquenta. O jornal encerrou suas atividades, e isso gerou tumultos em toda a cidade. Mesmo com a ordem de encerrar as atividades, várias publicações ainda foram feitas pelo jornal contra os Santos dos Últimos Dias, principalmente contra Smith. O movimento dissidente era liderado por Thomas C. Sharp, editor do Warsaw Signal. Temendo uma revolta, Smith mobilizou a Legião Nauvoo, em 18 de junho e declarou a lei marcial. Porém, Thomas Ford reapareceu e ameaçou formar um movimento ainda maior contra Smith, o Conselho dos Cinquenta e seus seguidores. Smith fugiu através do rio Mississippi. No entanto, sob pressão de Emma Hale Smith, sua esposa, e de outros santos, ele retornou à Nauvoo e se rendeu a Thomas Ford. Em 23 de junho, Smith e seu irmão, Hyrum, foram levados para a Cadeia de Carthage para serem julgados. A Família Smith permaneceu sob custódia, após a prisão de Joseph Smith Jr.
Smith e Hyrum permaneceram na cadeia de Carthage, juntamente com outros mórmons que também haviam sido presos injustamente. Na manhã do dia 27 de junho de 1844 Smith enviou uma carta ordenando à Legião Nauvoo que o libertasse da cadeia, mas o comandante em exercício calmamente desobedeceu essa ordem. No mesmo dia um grupo armado com os rostos pintados de preto invadiu a cadeia de Cartaghe e assassinaram Hyrum Smith instantaneamente com um tiro na face. Joseph Smith foi baleado enquanto saltava da janela, e em seguida, assassinado. Hyrum Smith e Joseph Smith Jr. foram enterrados em Nauvoo.

Poligamia

Em outubro de 2014 a igreja mórmom publicou um ensaio em seu site oficial que reconhecia pela primeira vez em sua história que seu fundador, Joseph Smith, teve entre 30 e 40 esposas, entre elas uma menina de 14 anos. Até então, a Igreja ainda não havia se pronunciado sobre o assunto.A admissão sobre a vida do profeta do século XIX se encaixaria com a prática poligamica que a igreja teria abandonado em 1890. Smith teria tido entre 30 e 40 esposas com idades entre 14 e 56 anos, embora a maioria delas tivesse entre 20 e 40 anos. Algumas delas seriam casadas com amigos do profeta. Segundo o texto essa poligamia causava um “sofrimento insuportável” à sua primeira esposa, Emma, de acordo com o ensaio.

Maçonaria

Em 15 de março de 1842, antes que uma loja maçônica fosse estabelecida oficialmente em Nauvoo, e na tentativa de aumentar o número de membros na igreja, Smith iniciou-se na maçonaria neste local. Na cerimônia de sagração da Loja, estavam presentes os mórmons maçons reunidos em sua loja de ferragens. O profeta recebeu o primeiro grau de maçonaria, recebendo no dia seguinte os graus 2 e 3. Joseph Smith e Sidney Rigdon foram iniciados no mesmo dia pelo Grão Mestre Abraham Jonas. O próprio Joseph Smith confirma estas informações:
"Eu estava na Loja maçônica e fui elevado ao Grau Sublime" - History of the Church, March 15, 1842, vol. 4 Pág. 551,552
Um fato interessante é que a família de Smith era toda maçônica. O pai, Joseph Smith Sr. foi iniciado em 26 de dezembro de 1817, e foi elevado ao grau de mestre maçom em 7 de maio de 1818 na mesma Loja. Seu filho mais velho, Hyrum Smith, era membro da Loja 112 de Moriah. Existen  afirmavações de que ele teria intimidado seus parentes e amigos para que lhe fornecessem as informações necessárias que o qualificaram, em 24 horas, a receber o grau três da maçonaria.

Referências

 LDS Church. Consultado em 22 de novembro de 2010
 Joseph Smith History página 15
Ensinamentos do Profeta Joseph Smith Pg 85
PBS. Consultado em 22 de novembro de 2010
Try County. Consultado em 22 de novembro de 2010
Religion facts. Consultado em 22 de novembro de 2010
Joseph Smith History (pagina 15)
Roberts, B. H. (1904) - História de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Volume 2.
Joseph Smith Jr. (em inglês) no Find a Grave

Ligações externas

História de Joseph Smith (em português)
JosephSmith.net Site oficial da Igreja SUD a respeito de Joseph Smith (em inglês)
JosephSmithPapers.org Site oficial da colecção próxima de todos os documentos restantes de Joseph Smith (em inglês)

quarta-feira, 16 de maio de 2018

A história de Osíris, Ísis e Hórus: como o mito influenciou a vida no antigo Egito

Horus, Osiris e Iris



A lenda de Osíris é um dos mitos mais antigos do Egito e foi fundamental para a antiga religião do estado egípcio. Através dele, muitos fatos do cotidiano passaram a ser explicados e legitimados, como o direito ao trono por Hórus e os faraós, as guerras, a vida após a morte e a criação do Grande Adversário, Set.

Osíris: o primeiro deus dos vivos

Antes dos tempos atuais, os deuses caminhavam sobre a Terra junto aos humanos. Nessa Era de Ouro, Osíris se sentou no trono dos deuses e foi o primeiro faraó do mundo dos vivos, governando por muitas eras junto com sua rainha Ísis. Osíris era justo e correto, e com ele o mundo estava em equilíbrio.
Porém, Set, o irmão de Osíris, cobiçou seu trono e o poder sobre o mundo dos vivos, e quis arrancá-lo de seu irmão. Ele então armou um plano para matar Osíris e ficar em seu lugar.
Set construiu uma caixa e lhe pôs uma magia perversa, que faria com que qualquer um que entrasse nela ficasse preso. Então, ele a levou para a grande festa dos deuses, e esperou que Osíris estivesse embriagado para lhe desafiar em uma disputa, onde cada um deveria entrar na caixa, e depois sair usando sua força.
Osíris, seguro de seu poder, mas fraco por causa da bebida, entrou na caixa, e Set rapidamente derramou chumbo derretido nela. Osíris tentou escapar, mas a magia o prendeu e ele morreu. Set então pegou a caixa e atirou-a no rio Nilo, onde ela foi levada para longe.
Set reivindicou o trono de Osíris para si e exigiu que Ísis fosse sua rainha. Nenhum dos outros deuses ousou ficar contra ele, pois ele havia matado Osíris e poderia facilmente fazer o mesmo com eles, então eles se transformaram em animais para se esconder do malvado Set.

O desequilíbrio do mundo e as guerras

Este foi um tempo sombrio, pois ao contrário de seu irmão, Set era cruel e indelicado, não se importando com o equilíbrio de mundo. A guerra dividiu o Egito e já não havia lei durante seu governo, e o povo gritava e implorava para Rá, mas ele não os queria ouvir.
Apenas Ísis se lembrou de seu povo, e não tinha medo de Set. Então, ela procurou em todo o Nilo pela caixa contendo seu amado marido, até que a encontrou presa em uma árvore, que se tornou grande e poderosa por causa dos poderes de Osíris.  
Ísis levou a caixa de volta para o Egito e colocou-a na casa dos deuses. Ela se transformou em um pássaro, voou sobre o corpo sem vida de Osíris e lhe lançou um feitiço. O espírito de Osíris entrou nela e ela concebeu um filho, cujo destino seria vingar seu pai. A criança foi chamada de Hórus, e foi escondida em uma ilha distante, longe dos olhares de seu tio Set.
Ísis então foi até o sábio Thoth e implorou sua ajuda. Ela pediu a ele que usasse mágica para trazer Osíris de volta à vida. Thoth, senhor do conhecimento, sabia que o espírito de Osíris havia partido de seu corpo e estava perdido, e para que ele pudesse voltar a vida, Thoth teria que refazer seu corpo, para que o espírito o reconhecesse e voltasse.
Thoth e Ísis juntos criaram o Ritual da Vida, que permitiria que os seres vivessem para sempre após a morte. Mas antes que Thoth pudesse trabalhar em sua magia, Set os descobriu. Ele roubou o corpo de Osíris e o cortou em vários pedaços, espalhando-os pelo Egito, para que Osíris nunca pudesse renascer.

O ritual da mumificação e embalsamamento

Anúbis embalsamando

No entanto, Ísis não se desesperou, e implorou a ajuda de sua irmã Néftis, para ajudá-la a encontrar os pedaços de Osíris. Elas procuraram por muito tempo, trazendo cada parte para Thoth, e quando todas as peças estavam juntas, Thoth foi até Anúbis, senhor dos mortos.
Anúbis costurou os pedaços juntos, lavou as entranhas de Osíris, embalsamou-o, enrolou-o em linho e lançou o Ritual da Vida. Quando a boca de Osíris foi aberta, seu espírito entrou e ele viveu novamente.

O julgamento dos mortos

Reino dos mortos

No entanto, nada que tenha morrido, nem mesmo um deus, poderia habitar a terra dos vivos. Então Osíris foi o mundo inferior, onde Anúbis lhe entregou o trono, tornando-o senhor dos mortos. Lá ele é responsável pelo julgamento sobre as almas dos falecidos, levando os justos para a terra abençoada, e condenando os perversos.
Quando Set soube que Osíris estava novamente vivo, ele ficou irado, mas sua raiva diminuiu, pois ele sabia que Osíris jamais poderia voltar para a terra dos vivos. Sem Osíris, Set acreditava que ele se sentaria no trono dos deuses por toda a eternidade. No entanto, enquanto isso, Hórus crescia com valentia e força, escondido na ilha. Quando ele ficou preparado, sua mãe lhe deu uma forte magia para usar contra Set, e Thoth o presenteou com uma faca mágica.

O direito ao trono pelos faraós

Hórus procurou Set e desafiou-o para o trono. Set e Hórus lutaram por muitos dias, mas no final Hórus o derrotou, mas não o matou, pois derramar o sangue de seu tio não o faria melhor que ele.
Ambos reivindicaram o trono, e os deuses começaram a lutar entre si, com uns apoiando Hórus, e outros à Set. Para que o mundo não ficasse mais desequilibrado, os deuses foram procurar o conselho do sábio Neith, que afirmou que Hórus era o legítimo herdeiro do trono. Hórus então mandou Set para a escuridão e governou o Egito. Durante todo o reino egípcio, os faraós legitimaram seu direito ao trono, por serem o próprio Hórus-vivo.
Assim, essa história conta como Hórus cuidou de seu povo durante a vida, e seu pai, Osíris, julga os mortos e os cuida durante sua próxima vida.
Enquanto isso, Set eternamente se esforça por vingar-se, lutando contra Hórus em todas as eras. Quando Hórus vence, o mundo fica em paz, e quando Set vence, há guerras, crise e fome. Porém, os egípcios não se desanimavam, pois sabiam que os tempos sombrios não duravam para sempre, e os raios de Hórus brilhariam mais uma vez.

As "grandes histórias" do mundo

O mito de Osíris é considerado pelo grande autor britânico Neil Gaiman uma das "Grandes Histórias" do mundo. Essas Grandes Histórias fazem parte da experiência humana e elas nunca mudam, exceto em sua forma mais superficial. Seus detalhes pode ser modificados dependendo de quem conta a história, e os personagens podem ter nomes diferentes, mas fundamentalmente, ainda é a mesma história.
Uma versão do mito de Osíris existe em todas as culturas: o rei justo é assassinado por seu irmão cruel, apenas para ser vingado pelo príncipe que segue os passos de seu pai. Às vezes, o rei morto é recompensado por seus modos corretos em sua próxima vida.
Podemos encontrar outras versões da história de Osíris em civilizações próximas, como os gregos e romanos, no longínquo Japão e na China, no cristianismo, e até mesmo em Shakespeare, onde o príncipe vingador se chama Hamlet.
Essa história, assim como muitas outras "grandes histórias", faz parte de um inconsciente coletivo, sendo reproduzida nas mais distintas culturas, como forma de dar uma explicação para os fatos da vida.

Fonte: www.hipercultura.com

quinta-feira, 3 de maio de 2018

William Blake



William Blake (Londres, 28 de novembro de 1757 — Londres, 12 de agosto de 1827) foi um poeta, tipógrafo e pintor inglês, sendo sua pintura definida como pintura fantástica.
Blake viveu num período significativo da história, marcado pelo iluminismo e pela Revolução Industrial na Inglaterra. A literatura estava no auge do que se pode chamar de clássico "augustano", uma espécie de paraíso para os conformados às convenções sociais, mas não para Blake que, nesse sentido era romântico, "enxergava o que muitos se negavam a ver: a pobreza, a injustiça social, a negatividade do poder da Igreja Anglicana e do estado."

Infância

Blake nasceu na "28ª Broad Street", no Soho, Londres, numa família de classe média. Seu pai era um fabricante de roupas e sua mãe cuidava da educação de Blake e seus três irmãos. Logo cedo a bíblia teve uma profunda influência sobre Blake, tornando-se uma de suas maiores fontes de inspiração.
Desde muito jovem Blake dizia ter visões. A primeira delas ocorreu quando ele tinha cerca de nove anos, ao declarar ter visto anjos pendurando lantejoulas nos galhos de uma árvore. Mais tarde, num dia em que observava preparadores de feno trabalhando, Blake teve a visão de figuras angelicais caminhando entre eles.
Com pouco mais de dez anos de idade, Blake começou a estampar cópias de desenhos de antiguidades Gregas comprados por seu pai, além de escrever e ilustrar suas próprias poesias.

Aprendizado com Basire

Em 4 de agosto de 1772, Blake tornou-se aprendiz do famoso estampador James Basire. Esse aprendizado, que estendeu-se até seus vinte e um anos, fez de Blake um profissional na arte. Segundo seus biógrafos, sua relação era harmoniosa e tranquila.
Dentre os trabalhos realizados nesta época, destaca-se a estampagem de imagens de igrejas góticas Londrinas, particularmente da igreja Westminster Abbey, onde o estilo próprio de Blake floresceu.

Aprendizado na Academia Real Inglesa

Em 1779, Blake começou seus estudos na Academia Real Inglesa, uma respeitada instituição artística londrina. Sua bolsa de estudos permitia que não pagasse pelas aulas, contudo o material requerido nos seis anos de duração do curso deveria ser providenciado pelo aluno.
Este período foi marcado pelo desenvolvimento do caráter e das ideias artísticas de Blake, que iam de encontro às de seus professores e colegas.

Casamento

Em 1782, após um relacionamento feliz que terminou com uma recusa à sua proposta de casamento, Blake casou-se com Catherine Boucher. Blake ensinou-a a ler e escrever, além de tarefas de tipografia. Catherine retribuiu ajudando Blake devotamente em seus trabalhos, durante toda sua vida.

Trabalhos

Dante e Virgílio nos portões do Inferno, A Divina Comédia

Blake escreveu e ilustrou mais de vinte livros, incluindo "O livro de Jó" da Bíblia, "A Divina Comédia" de Dante Alighieri - trabalho interrompido pela sua morte - além de títulos de grandes artistas britânicos de sua época. Muitos de seus trabalhos foram marcados pelos seus fortes ideais libertários, principalmente nos poemas do livro Songs of Innocence and of Experience ("Canções da Inocência e da Experiência"), onde ele apontava a igreja e a alta sociedade como exploradores dos fracos.
No primeiro volume de poemas, Canções da inocência (1789), aparecem traços de misticismo. Cinco anos depois, Blake retoma o tema com Canções da experiência estabelecendo uma relação dialética com o volume anterior, acentuando a malignidade da sociedade. Inicialmente publicados em separado, os dois volumes são depois impressos em Canções da inocência e da experiência - Revelando os dois estados opostos da alma humana.
William Blake expressa sua recusa ao autoritarismo em Não há religião natural e Todas as religiões são uma só, textos em prosa publicados em 1788. Em 1790, publicou sua prosa mais conhecida, O matrimônio do céu e do inferno, em que formula uma posição religiosa e política revolucionária na época: "a negação da realidade da matéria, da punição eterna e da autoridade"
(...) Ver o mundo em grão de areia
e o céu em uma flor silvestre,
sustentar o infinito na palma da mão
e a eternidade em uma hora.(...)
"Augúrios de Inocência"
Apesar de seu talento, o trabalho de gravador era muito concorrido em sua época, e os livros de Blake eram considerados estranhos pela maioria. Devido a isto, Blake nunca alcançou fama significativa, vivendo muito próximo à pobreza.

Principais obras

Satã observando o amor de Adão e Eva, Mus. de Belas-Artes - Boston

Poetical Sketches (1783)
There is no Natural Religion (1788)
All Religions Are One (1788)
Songs of Innocence (1789)
Book of Thel (1789)
The French Revolution: A Poem in Seven Books (1791)
Original Stories from Real Life, de Mary Wollstonecraft (1791) (ilustrações)
A Song of Liberty (1792)
The Marriage of Heaven and Hell (1793)
Visions of the Daughters of Albion (1793)
America, A Prophecy (1793)
Songs of Experience (1794)
Songs of Innocence and of Experience (1794)
Europe, a Prophecy (1794)
The Book of Urizen (1794)
The Song of Los (1794)
The Book of Ahania (1795)
The Book of Los (1795)
Night Thoughts, de Edward Young (1797) (ilustrações)
Milton (1804)
The Grave, de Robert Blair (1808) (ilustrações)
Everlasting Gospel (1818)
Jerusalem (1820)
The Ghost of Abel (1822)
Dante's Divine Comedy (1825) (ilustrações)
O livro de Jó da Bíblia (1826) (ilustrações)
O Fantasma de uma Pulga (pintura)

Morte

Monumento próximo ao túmulo sem marca de Blake

No dia de sua morte, Blake trabalhava exaustivamente em A Divina Comédia de Dante Alighieri, apesar da péssima condição física que culminaria no seu fim. Seu funeral, bastante humilde, foi pago pelo responsável pelas ilustrações do livro, e apesar de sua situação financeira constantemente precária, Blake morreu sem dívidas.
Hoje Blake é reconhecido como um santo pela Igreja Gnóstica Católica, e o prêmio Blake Prize for Religious Art (Prêmio Blake para Arte Sacra) é entregue anualmente na Austrália em sua homenagem.
Referências
 "Um profeta obscuro e genial." Por José Antônio Arantes, bacharel em língua e literatura pela USP - tradutor, entre outros, dos autores Virginia Woolf (Nova Fronteira), William Blake e James Joyce (Iluminuras).
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William Blake, o estranho que virou santo Parana-online - consultado em 10 de outubro de 2010

Traduções

1. O Fantasma de Abel/The Ghost of Abel, Juliana Steil (trad.), (n.t.) Revista Literária em Tradução, nº 1 (set/2010), Fpolis/Brasil, ISSN 2177-5141

Ligações externas


quinta-feira, 29 de março de 2018

QUINTA-FEIRA SANTA: DIA DE JÚPITER



A saída de Judas revela que seu gênio bom, seu verdadeiro Eu, o abandonou; Judas realmente encontra, lá fora, o Anjo da Morte. Espíritos arimânicos o transformam em seu instrumento. A saída do Cristo é imagem do livre derramamento da alma que, desde a origem, foi portadora, no cosmos, da idéia de sacrifício.


Quinta-feira Santa – Dia de Júpiter



Duas vezes por ano uma quinta-feira se destaca com uma luz singularmente festiva no decurso do ano: o dia que precede a sexta-feira santa e o dia da Ascensão. Embora pertencente à semana mais séria do ano, a quinta-feira santa se relaciona misteriosamente com a outra quinta-feira, seis semanas mais tarde, quando toda a natureza primaveril já se desenvolveu em luz e perfume emitidos pelas flores. Não seria a quinta-feira santa ocultamente uma segunda véspera de Natal? Sua luz misteriosa é a do crepúsculo que precede as trevas da sexta-feira santa, mas é também, mais ainda, a aurora da Páscoa.




Após ultrapassarmos o meio da semana santa, após os três primeiros dias repletos com a ruidosa e dramática luta com o ambiente, incompatível com o Cristo, desce o silêncio. Na noite da quinta-feira santa penetramos na esfera do silêncio sagrado. De repente, o barulho cede ao silêncio. De dia, os ruídos do povo em movimento nas ruas, milhares de peregrinos a comprar e a discutir atingiram seu auge.




Depois, pouco antes do ocaso do sol, esfera purpúrea, e enquanto nascia do outro lado, a enorme lua cheia prateada, as trombetas do templo deram o sinal para o início dos preparativos. Inicia-se a noite do Passah durante a qual os fiéis da Velha Liga se preparam para o sábado de Passah que se iniciará na noite seguinte. Cessa o barulho retumbante. Nas casas logo se reúnem os parentes ao redor das mesas a fim de comerem o cordeiro pascal. As ruas ficam subitamente vazias. Desce um silêncio oprimente. É a magia da noite de Passah, na qual circula, como outrora no Egito, o Anjo Exterminador.




Jesus com seus discípulos também se retira para a sala onde terão a ceia do Passah. Os destinos querem que o silêncio desta sala seja múltiplo, já que ela se encontra em uma casa que não é uma habitação privada, mas serve de convento a um círculo sagrado dos esseus. A ordem dos esseus tem ai sua sede em local sagrado e antiqüíssimo, no Monte Sion, onde há milênios, antes da história da Velha Liga ler o seu centro neste lugar, já existia um antiqüíssimo santuário da humanidade. Em local muito antigo e sagrado encontra-se o cenáculo que os irmãos esseus deixam à disposição de Jesus e seus discípulos para a véspera do Passah.




Diretamente em frente também em uma localização tradicional e antiqüíssima, encontra-se a casa de Kaifas, casa-matriz da ordem dos saduceus. Lá também se reúne um grupo para comemorar o Passah. São os inimigos cheios de ódio, quase incapazes de pensar na festa vindoura, pois estão sendo movidos por um plano de ódio e inimizade. Forçosamente, a luta está suspensa.




É preciso aguardar até depois da hora sagrada. E os num inimigos, eles próprios ordenam: “Procurem agarrá-lo, mas não antes da festa. Na sala onde estão reunidos Jesus e seus discípulos, cumpre-se o 23° salmo: “Preparas diante de mim uma mesa, à vista de meus inimigos”. Desceu o silêncio, é verdade, mas a fatalidade sombria da noite de Passah se incorpora nos espectros noturnos daqueles outros comensais, na casa vizinha.




O que há sobre a mesa ao redor da qual se instalaram Jesus e os discípulos? Este grupo também obedece à velha lei e cumpre a tradição. Foi preparado o cordeiro pascal. Jesus se prepara com os discípulos a comê-lo, recordando devotamente o sacrifício do cordeiro que, na época de Moisés, fora o sinal pelo qual o povo judeu foi libertado da escravidão.




Mas o cordeiro pascal na mesa deste Cenáculo adquire um sentido modificado. A mesa está sentado aquele do qual João Batista pôde dizer: “Eis o cordeiro de Deus, que assume (carrega) os pecados do mundo”. Em nenhum outro lugar àquela hora, nem antes, nem depois, o cordeiro pascal esteve tão próximo daquele que simboliza. Através de milênios a ceia do cordeiro pascal foi um costume profético. Agora, eis que a profecia se cumpre, logo o apóstolo Paulo poderá dizer: “Nós também temos um cordeiro pascal. É o Cristo que se sacrifica por nós”. (1º Cor. 5,7)! No Cenáculo encontram-se a profecia e seu cumprimento. A sala está cheia de pesado pressentimento. Pesam no ar a separação e a tragédia. O sacrifício do Cristo já lança antecipadamente sua sombra. O consciente dos discípulos passa por uma dura prova.




Através do cordeiro pascal sobre a mesa, esta cena inclui a reminiscência dos antigos sacrifícios sangrentos; atua a magia do sangue, que é o sentido de todos os sacrifícios sangrentos da época pré-cristã. O sentido dos antigos sacrifícios residia no seguinte fato: o fluxo do sangue fresco de animais sacrificais puros possuía a força de induzir as almas humanas – ainda não tão ligadas o corpo – em alienação extática, de modo que forças divinas do além podiam refletir-se nas condições humanas.




No Cenáculo do Monte Sion o velho sacrifício perde definitivamente o seu sentido. Agora, o mais alto ser divino veio, ele próprio, do além para a terra. O cordeiro perde seu significado próprio e passa a ser apenas a imagem, o reflexo do mistério do Cristo presente. O antigo sacrifício sangrento torna-se definitivamente supérfluo. A força que antigamente se tentava – cada vez com menor sucesso – atrair do além pelo sacrifício do sangue, está presente agora para se ligar inseparavelmente com o mundo terreno. O cordeiro pascal não pode mais ser um meio mágico, pois na própria existência terrena forma-se um núcleo de germinação e brotação de forças celestes. O cordeiro se transforma em puro símbolo do amor divino que se sacrifica.




Na mesa da Santa Ceia não vemos, entretanto, apenas o cordeiro pascal. Há também, incidentalmente, pão e vinho. E, após cumprirem a velha tradição da ceia do Passah, os discípulos se admiram ao verem o Cristo tomar em mãos os símbolos, presentes por acaso, do comer e beber e adicionar à ceia do Velho Testamento uma nova refeição. Algo de totalmente novo, inesperado, acontece quando ele oferece aos discípulos o pão e o vinho, dizendo: “Tomai, pois este é meu corpo e este é meu sangue”. Em realidade, estes símbolos não estão na mesa por acaso. Da penumbra de mistérios ocultos surge à luz aquilo que sempre já existira na humanidade. No exterior dos velhos templos havia sacrifícios sangrentos oferecidos em presença do povo; do mesmo modo, ao abrigo esotérico de certos santuários que cultivavam os mistérios solares, sempre houve pão e vinho como os verdadeiros símbolos do deus do sol. No mesmo local onde o grupo está agora reunido para a ceia, dois mil anos antes, nas grutas rochosas onde estavam agora sepultados os Reis e Davi, existira o santuário de Melquisedeque, o supremo iniciado solar. Melquisedeque levara pão e vinho para oferecê-los, no Vale do Kidron, a Abraão, que regressava vitorioso.




Mas pão e vinho jamais puderam representar, mesmo rios templos dos mistérios pré-históricos, a função que adquirem neste momento. Sempre foram apenas símbolos do deus do sol que os veneradores tinham que procurar em outras esferas. Agora, no entanto, são mais do que símbolos. No Cristo está presente o próprio alto espírito solar, e ele pode dizer, ao oferecer o pão: “Este é meu corpo” e, ao oferecer o cálice: “Este é meu sangue”. Sua alma, ao oferecer-se, penetra no pão e no vinho. Pão e vinho se iluminam na semi-escuridão. São envolvidos em um brilho dourado, em uma luminosa aura solar, ao se transformarem no corpo e no sangue do próprio espírito do sol. Todos os mistérios solares da pré-história foram apenas profecias. Neste momento estão sendo cumpridas. Na passagem dos sacrifícios sangrentos da pré-história para o sacrifício sem sangue do pão e do vinho ocorre, para toda a humanidade, a decisiva interiorização da idéia de sacrifício: todos os sacrifícios antigos eram materiais, agora esta fundado o sacrifício da alma. Inicia-se na prática do sacrifício um fluxo de verdadeira interiorização. São despedidos os sacrifícios lunares da pré-história e substituídos pelo sacrifício solar. O Cristianismo, verdadeira religião solar, encontra nesta noite sua aurora.




O Cristo não apenas liga a velha ceia à nova; antes e depois da ceia executa atos importantes, de modo que surge um todo de quatro partes. Pela primeira vez reluz a lei que, doravante, será sempre renovada e revelada nas quatro partes do sacramento cristão central. Antes de comer o cordeiro pascal, Jesus pratica o ato do amor simples, inesgotável e indescritível do lava-pés. Obedecendo e elevando um rito comum na ordem dos esseus, ele se abaixa e lava os pés de cada discípulo, inclusive de Judas. Surge uma imagem comovente daquilo que de fato está ocorrendo: o Cristo se dá aos seus, totalmente, com amor. A morte na cruz selará essa dedicação.




Tal como introduziu as duas ceias com o lava-pés, assim também as encerra. Acompanhando o costume praticado nesta hora em todas as casas, segundo o qual, terminada a refeição do Passah, os pais de família liam ou recitavam a Hagada, a tradicional história do povo sob forma de lendas, o Cristo também faz seguir-se à ceia um ensinamento. Ternos no evangelho de João a mais maravilhosa reprodução de suas palavras de despedida, que culminam com a oração.




São quatro as etapas atravessadas: lava-pés, cordeiro pascal, pão e vinho e discursos de despedida. Ao lavar Jesus os pés dos discípulos, estes parecem já experimentar a mais íntima comunhão das suas almas com a alma de Cristo. Mas, em realidade, o lava-pés nada mais é do que o último resumo simbólico de todos os ensinamentos que Cristo deu a seus discípulos. Por isso, ele lhes diz: “Dou-vos uma nova lei: amai-vos uns aos outros.” O lava-pés é, de certo modo, a ultima parábola aos discípulos parábola que já não foi falada, mas praticada. O amor é a meta final da doutrina que o Cristo lega aos discípulos.




Após a leitura do Evangelho, feita em total devoção de alma, comer o cordeiro pascal é a etapa do ofertório. Surge a imagem do sacrifício: Cristo – o cordeiro sacrifical que morrerá na cruz no dia seguinte pela humanidade.




Segue-se a terceira etapa: Cristo oferece aos discípulos pão e vinho. Pela primeira vez realiza-se então o mistério da transubstanciação, terceira parte do sacramento, após a leitura do Evangelho e o ofertório. O celeste transpenetra o terreno, o espiritual reluz na matéria. Como uma estrela fulgurante revela-se o sol da Transubstanciação que, mais tarde, atingirá seu pleno brilho.




Na quarta parte, nos discursos de despedida, parece que o Cristo dá aos discípulos apenas ensinamentos e instruções para seus caminhos. Em realidade, no entanto, ele se transmite a si mesmo da mais íntima maneira possível. Estas palavras, que captam o eco espiritual da Santa Ceia são, mais ainda do que pão e vinho, corpo e sangue do Cristo. Nelas, a alma do Cristo se oferece a mais intima comunhão e reunião com as almas dos discípulos. Mas os discípulos só ouvem estas palavras como em sonho. Só há um deles, João, próximo ao coração de Jesus, capaz de ouvir o que fala o coração de Cristo e, por isso mesmo, capaz de preservar para a humanidade, em seu evangelho, uma replica desse momento.




O grande sacramento, de quatro partes, dessa hora, está repleto do amor cósmico que se difunde, que jorra do coração do Cristo. A plenitude da palavra do Cristo forma o final, nos discursos de despedida, e este fato abre uma porta luminosa para o futuro da humanidade. O Cristo do qual parte o fluxo de amor cósmico fala, ao mesmo tempo, como alto espírito da Sabedoria. É como se Júpiter, deus da sabedoria, reaparecesse entre os homens sob uma forma nova.




O santo grupo de comensais é dissolvido de modo dramático. O costume do Passah e a rigorosa lei proibiam que se saísse à rua nesta noite. Quem o fizesse encontraria o Anjo Exterminador. As ruas ficavam vazias. Não obstante, em determinado momento, vemos alguém sair; nada o reteve após ter recebido sua parte da refeição da mão de Jesus. O evangelho de João adiciona: “era noite”. Em seu interior também reinava a noite; Satanás penetrou nele nesse instante. Judas vai à casa em frente, onde o círculo de Kaifás também cumpre o rito da ceia pascal, mas estão ansiosamente dispostos para as negociações que Judas pretende fazer com eles.




Judas falhou diante do mistério do sacramento. Já na véspera fora tomado pelo demônio da inquietação quando na casa em Bethânia espalhou-se o ambiente sacramental. No cenáculo deparou-se pela segunda vez com a substância do sacramento. Não tem em si a quietude que lhe permitiria aceitar a paz como bênção do sacramento. E, portanto, aquilo que poderia oferecer-lhe paz o precipita no mais alto grau da ausência da paz, na perda arimãnica do Eu, na alienação possessa.




Mais uma vez é rompida a proibição do Passah. Assustando os discípulos, Jesus se ergue e lhes faz sinal para segui-lo. Saem para a noite escura. A luz clara da lua se apagara quase totalmente. Houvera um eclipse. A lua no céu parecia uma esfera cor de sangue. As rajadas frias que acompanham a despedida do inverno começam a soprar quando Jesus chega com seus discípulos a Getsemane.




A dupla saída* é imagem de processos interiores. A saída de Judas revela que seu gênio bom, seu verdadeiro Eu, o abandonou; Judas realmente encontra, lá fora, o Anjo da Morte. Espíritos arimânicos o transformam em seu instrumento. A saída do Cristo é imagem do livre derramamento da alma que, desde a origem, foi portadora, no cosmos, da idéia de sacrifício (ofertório. Quando Judas sai, a escritura diz “era noite”. É noite também na alma de Judas. Quando sai o Cristo, podemos dizer “era dia”. Um fulgor dourado se mistura a noite tenebrosa. Um mistério solar envolve o Cristo quando ele desce com os discípulos pelo mesmo caminho pelo qual Melquisedeque dois mil anos antes levara pão e vinho. Um sol brilha em plena noite. Por isso pode acontecer mais tarde que o Cristo subjuga o Anjo Exterminador em Getsemane.




A luz solar que os homens viram brilhar no ser do Cristo no domingo de Ramos já penetrou em camadas muito mais profundas. Ninguém o percebe. Não obstante, o mundo recebe uma nova luz nesta noite santa, que mais é uma véspera da Páscoa do que véspera de sexta-feira da Paixão. No dia da Ascensão, outra quinta-feira, seis semanas mais tarde, o germe de luz cujo crescimento começa no cenáculo já terá adquirido ou onipresença terrena e força cósmica.


Emil Bock