Aurélio Agostinho (em latim: Aurelius
Augustinus), dito de Hipona, conhecido como Santo Agostinho (Tagaste, 13
de novembro de 354 - Hipona, 28 de agosto de 430),
foi um bispo, escritor, teólogo, filósofo e é um Padre
latino e Doutor da Igreja Católica.
Agostinho é uma das
figuras mais importantes no desenvolvimento do cristianismo no Ocidente.
Em seus primeiros anos, Agostinho foi fortemente influenciado pelo maniqueísmo e
pelo neoplatonismo de Plotino, mas depois de tornar-se cristão (387),
ele desenvolveu a sua própria abordagem sobre filosofia e teologia e uma
variedade de métodos e perspectivas diferentes. Ele aprofundou o conceito
de pecado original dos padres anteriores e, quando o Império
Romano do Ocidente começou a desintegrar-se, desenvolveu o conceito de
Igreja como a cidade espiritual de Deus (num livro de mesmo nome),
distinta da cidade material do homem. Seu pensamento influenciou
profundamente a visão do homem medieval. A Igreja se identificou com o conceito
de "Cidade de Deus" de Agostinho, e também a comunidade que era
devota de Deus.
Na Igreja Católica,
e na Igreja Anglicana, é considerado santo, e importante Doutor da Igreja,
e o patrono da ordem religiosa agostiniana. Muitos protestantes,
especialmente os calvinistas mas também os luteranos (basta
recordar que Martinho Lutero era inicialmente um sacerdote católico agostiniano),
consideram-no como um dos pais teólogos da Reforma Protestante ensinando
a salvação e a graça divina.
Na Igreja Ortodoxa
Oriental ele é louvado, e seu dia festivo é celebrado em 15 de junho,
apesar de uma minoria ser da opinião que ele é um herege, principalmente
por causa de suas mensagens sobre o que se tornou conhecido como a cláusula
filioque. Entre os ortodoxos é chamado de "Agostinho Abençoado", ou
"Santo Agostinho, o Abençoado".
Biografia
Agostinho nasceu na
cidade de Tagaste (atual Souk-Ahras, Argélia), a cerca de 90 km
do Mediterrâneo, na Numídia (atual Souk Ahras), à época uma
província romana do norte da África. Apesar do gentílico Aurelius,
que poderia indicar a aquisição da cidadania romana sob o reinado de Marco
Aurélio, Cômodo ou Caracala, Agostinho era de ascendência berbere.
Seu pai, Patricius, era um berbere romanizado, cidadão romano, pagão; a
mãe, Mônica, era berbere cristã. A esperança da família, sem muitos
recursos, era educar seus filhos para que se tornassem professores, advogados
ou membros da administração imperial. Agostinho foi educado no norte da África
e resistiu aos ensinamentos de sua mãe para se tornar cristão.
Com onze anos de idade,
foi enviado para a escola em Madaura, uma pequena cidade da Numídia.
Lá ele tornou-se familiarizado com a literatura latina e com práticas
e crenças do paganismo. Em 369 e 370, permaneceu em casa.
Durante esse período
Agostinho leu o diálogo Hortensius de Cícero (hoje
perdido), que deixaria uma impressão duradoura sobre ele e despertando-lhe o
interesse pela filosofia. Passou a ser um seguidor do maniqueísmo.
Com dezessete anos,
graças à generosidade de um concidadão, chamado Romaniano, o pai de Agostinho
pôde enviá-lo para Cartago para continuar sua educação na retórica.Vivendo
como um pagão intelectual, ele tomou uma concubina. Numa tenra idade,
desenvolveu uma relação estável com uma jovem, em Cartago, com a qual viveu
em concubinato por quinze anos e com quem viria a ter um filho, Adeodato.
Segundo a lei romana, sendo a mulher de classe inferior, eles não poderiam se
casar. O casal viria a se separar em 386, quando ela o deixou em Milão e
partiu para a Numídia.
Durante os anos 373 e 374,
Agostinho ensinou gramática em Tagaste. No ano seguinte, mudou-se para Cartago
a fim de ocupar o cargo de professor da cadeira municipal de retórica, e
permanecerá lá durante os próximos nove anos.
Desiludido pelo
comportamento indisciplinado dos alunos em Cartago, em 383, mudou-se para
estabelecer uma escola em Roma, onde ele acreditava que os melhores e mais
brilhantes retóricos ensinaram. No entanto, Agostinho ficou desapontado com as
escolas romanas, que ele encontrou apática. Quando chegou o momento para os
seus alunos para pagar os seus honorários eles simplesmente fugiram.
Amigos maniqueístas apresentaram-lhe
o prefeito da cidade de Roma, Symmachus, que tinha sido solicitado a fornecer
um professor de retórica imperial para o tribunal provincial em Milão.
Agostinho ganhou o emprego e ocupou o cargo no final de 384.
Cristão
Enquanto ele estava
em Milão, Agostinho mudou de vida. Ainda em Cartago, começou a
abandonar o maniqueísmo, em parte, devido a um decepcionante encontro com
um chefe expoente da teologia maniqueísta, Fausto.
Em Roma, ele
relata ter completamente se afastado do maniqueísmo, e abraçou o movimento
cético da Academia Neoplatónica. Sua mãe insistia para que ele se tornasse
cristão e também seus próprios estudos sobre o neoplatonismo também
foram levando-o neste sentido, e seu amigo Simplicianus instou-o dessa forma
também. Mas foi a oratória do bispo de Milão, Ambrósio, que teve mais
influência sobre a conversão de Agostinho.
A mãe de Agostinho
havia-o seguido para Milão e insistiu para que abandonasse a relação com a
mulher com quem vivia ilegalmente e procurasse outra para casar, conforme as
leis do mundo e a doutrina cristã. A amada foi mandada de volta para a África e
Agostinho deveria esperar dois anos para contrair casamento legal; mas logo
ligou-se a uma concubina.
No verão de 386,
após ter lido um relato da vida de António do Deserto, de Atanásio de
Alexandria, que muito inspirou-lhe, Agostinho sofreu uma profunda crise
pessoal. Decidiu se converter ao cristianismo católico, abandonar a sua
carreira na retórica, encerrar sua posição no ensino em Milão, desistir de
qualquer ideia de casamento, e dedicar-se inteiramente a servir a Deus e às
práticas do sacerdócio.
A chave para esta
transformação foi à voz de uma criança invisível, que ouviu enquanto estava em
seu jardim em Milão, que cantava repetidamente, "Tolle, lege"; "tolle,
lege" ("toma e lê"; "toma e ler"). Ele tomou o texto
da epístola de Paulo aos romanos, e abriu ao acaso em 13:13-14, onde
lê-se: "Não caminheis em glutonerias e embriaguez, nem em
desonestidades e dissoluções, nem em contendas e rixas, mas revesti-vos do
Senhor Jesus Cristo e não procureis a satisfação da carne com seus
apetites".
Ele narra em detalhes
sua jornada espiritual em sua famosa Confissões (Confessions), que se
tornou um clássico tanto da teologia cristã quanto da literatura mundial.
Ambrósio batizou Agostinho, juntamente com seu filho, Adeodato, na vigília
da Páscoa, em 387, em Milão, e logo depois, em 388 ele
retornou à África. Em seu caminho de volta à África sua mãe morreu, e logo após
também seu filho, deixando-o sozinho, sem família.
Bispo
Após o regresso ao
Norte da África, vendeu seu patrimônio e deu o dinheiro aos pobres. A única
coisa com que ele ficou foi a casa da família, que se converteu em uma fundação
monástica para si e um grupo de amigos.
Em 391, ele foi
ordenado sacerdote em Hipona (atual Annaba, na Argélia).
Em 396, foi eleito bispo coadjutor de Hipona (auxiliar, com o
direito de sucessão depois da morte do bispo corrente) e pouco depois bispo
principal. Ele permaneceu nessa posição em Hipona até sua morte
em 430.
Ele deixou o seu
mosteiro, mas continuou a levar uma vida monástica na residência episcopal. Ele
deixou uma regra (latim, regulamentos) para seu mosteiro que o levou ser
designado o "santo padroeiro do clero regular", isto é, sacerdotes
que vivem por uma regra monástica.
Sua vida foi registrada
pela primeira vez por seu amigo São Possídio, bispo de Calama, no
seu Sancti Augustini vita. Descreveu-o como homem de poderoso intelecto e
um enérgico orador, que em muitas oportunidades defendeu a fé católica contra
todos seus inimigos.
Possídio também
descreveu traços pessoais de Agostinho com detalhe, desenhando um retrato de um
homem que comia com parcimónia, trabalhou incansavelmente, desprezando fofocas,
rejeitando as tentações da carne, e que exerceu a prudência na gestão
financeira conforme sua posição e autoridade de bispo.
Sua vida não é
tranquila: missa diária, prega até duas vezes ao dia, dá catequese, administra
bens temporais, resolve questões de justiça (cerca, muro, dívidas, brigas de
família…), atende aos pobres e órfãos, etc.
Pouco antes da morte de
Agostinho, a província da África Proconsular foi invadida
pelos vândalos, uma tribo guerreira que estava aderindo ao arianismo.
Pouco depois de Hipona ser cercada pelos bárbaros Agostinho adoeceu; Possídio
relata que ele gastou seus últimos dias em oração e penitência, pedindo para
que os salmos penitenciais de Davi fossem pendurados em sua
parede para que ele pudesse ler. Pouco tempo após sua morte, os vândalos
levantaram o cerco de Hipona, mas não muito tempo depois eles voltaram e
queimaram a cidade. Eles destruíram tudo, mas a catedral de Agostinho e a
biblioteca ficaram inalteradas.
Agostinho foi
canonizado por reconhecimento popular e reconhecido como um Doutor da
Igreja. Na Igreja Católica, o seu dia é 28 de agosto, o dia no qual
ele supostamente morreu. Ele é considerado o santo padroeiro dos impressores,
teólogos e de um grande número de cidades e dioceses. Para os protestantes ou evangélicos,
Agostinho é referencial na história eclesiástica, pois foi um valoroso líder
da Igreja primitiva e deixou suas marcas como verdadeiro discípulo de
Cristo.
Obras
Agostinho foi um autor
prolífico em muitos géneros — tratados filosóficos, teológicos,
comentários de escritos da Bíblia, além de sermões e cartas.
Dele restaram algumas
centenas de cartas (Epistulae) e de sermões (Sermones) considerados autênticos.
Além disso, deixou 113 obras escritas.
Agostinho é chamado de
o Doutor da Graça, por sua compreensão sobre o tema.
Textos
autobiográficos:
As suas Confissões (Confesiones),
escritas entre os anos 397-398, são geralmente consideradas como a
primeira autobiografia. Agostinho descreve sua vida desde sua concepção até à
sua então relação com Deus, e termina com um longo discurso sobre o livro do
Génesis, no qual ele demonstra como interpretar a Bíblia. A consciência
psicológica e auto-revelação da obra ainda impressionam leitores.
Mesmo sendo uma
autobiografia, as Confissões não deixam de ter a marca filosófica de
Agostinho. No Livro X, Agostinho escreve sobre a memória e suas atribuições. Já
no Livro XI, Agostinho fala sobre a Criação, sobre o Tempo e da noção
psicológica que se tem deste.
No fim da sua vida,
Agostinho revisitou os seus trabalhos anteriores por ordem cronológica e
sugeriu que teria falado de forma diferente numa obra intitulada Retratações,
que nos daria uma imagem considerável do desenvolvimento de um escritor e os
seus pensamentos finais.
Filosóficos:
Diálogos: Solilóquios (Soliloquiorum
libri duo), Sobre o Mestre (De Magistro, trata da educação neste diálogo),
Sobre o livre arbítrio (De Libero Arbitrio, trata sobre o mal e sobre as
escolhas)
Contra os acadêmicos (Contra
academicos, em que combate o cepticismo).
O Livro das disciplinas
(Disciplinarum libri é uma vasta enciclopédia com o fim de mostrar como se
pode e se deve ascender a Deus a partir das coisas materiais. Não está
acabada).
Apologéticos: Da
verdadeira religião (De vera religione), etc.
A Cidade de Deus (iniciada
c. de 413, terminada em 426, uma de suas obras capitais, nela nos oferece uma
síntese de seu pensamento filosófico, teológico e político). O De civitate
Dei libri XXII.
Dogmáticos:
Entre 399-422,
escreveu A Trindade, uma das principais obras que apoia a crença na Santíssima
Trindade de Deus. O De Trinitate libri XV.
Sobre a imortalidade da
alma (De inmortalitate animae)
Sobre a potencialidade
da alma (De quantitate animae)
Enquirídio (Enchiridion,
ad Laurentium ou De fide, spe et caritate liber I, é um manual de
teologia segundo o esquema das três virtudes teológicas. Contém uma explicação
do Credo, da oração do Padre Nosso e dos preceitos morais da Igreja Católica).
Da fé e do credo livro
I (De fide et símbolo liber I), etc.
Morais
e pastorais:
Contra mendacium, Da
catequese dos não instruídos livro I (De catechizandis rudibus liber I), Da
continência livro I (De continentia liber I), Da paciência livro I (De
patientia liber I), etc.
Monásticos:
Regula ad servos —
a mais antiga das regras monásticas do Ocidente.
Exegéticos:
A Bíblia teve um papel
decisivo para Agostinho. Pode-se destacar:
Da doutrina cristã
livro IV (De doctrina christiana libri IV (é uma síntese dogmática que
servirá de modelo para as Sententiae os pensadores da Idade
Média), De Genesi ad litteram libri XII, Da harmonia dos evangelhistas
livro IV (De consensu Evangelistarum libri IV (foram escritos em resposta
aos que acusavam os evangelistas de contradizer-se e de haver atribuído
falsamente a Cristo a divinidade), etc.
Tratados:
Tratados sobre o
evangelho de João (In Iohannis evangelium tractatus), As enarrações, ou
exposições, dos Salmos (Enarrationes in Psalmos), etc.
Polémicos:
Muitas de suas obras
tem caráter polêmico por causa dos conflitos que ele enfrentou. Isso levou São
Posídio a classificá-las conforme os adversários combatidos: pagãos,
astrológos, judeus, maniqueus, priscilianistas, donatistas, pelagianos, arianos
e apolinaristas.
De natura boni liber I, Psalmus
contra partem Donati, De peccatorum meritis et remissione et de baptismo
parvolorum ad Marcellium libri III (de 412, primeira teología bíblica da
redencão, do pecado original e da necessidade do batismo), De gratia et
libero arbitrio liber I (de 426, em que demonstra a necessidade da graça,
da existência do livre arbitrío), De haeresibus, etc.
Pensamento
O
problema do mal
Em seu livro Sobre
o livre arbítrio (em latim: De libero arbitrio) Agostinho responde de
ao problema filosofico do mal de forma filosófica, demonstrando
também filosoficamente que Deus não é o criador do mal. Pois, para ele,
tornava-se inconcebível o fato de que um ser benevolente, pudesse ter criado o
mal.
A concepção que
Agostinho tem do mal, tem como base teoria platônica e a desenvolve.
Assim o mal não é um ser, mas sim a ausência de um outro ser, o bem. O mal é
aquilo que "sobraria" quando não existe mais a presença do bem. Deus
seria a completa personificação deste bem, portanto o mal não seria oriundo da
criação divina, mas seu antagonista por excelência, na condição de fruto do seu
afastamento. No diálogo com seu amigo Evódio, Agostinho explica-lhe que a
origem do mal está no livre-arbítrio concedido por Deus. Deus em sua perfeição,
quis criar um ser que pudesse ser autônomo e assim escolher o bem de forma
voluntária, um ser consciente. O homem, então, é o único ser que possuiria as
faculdades da vontade, da liberdade e do conhecimento. Por esta forma ele é
capaz de entender os sentidos existentes em si mesmo e na natureza. Ele é um
ser capacitado a escolher entre algo bom (proveniente de Deus em uma criação
perfeita) e algo mau (a prevalência da vontades humanas imperfeitas e que
afetam negativamente a criação da perfeição idealizada por Deus).
Entretanto, por ter em
si mesmo a carga do pecado original de Adão e Eva, estaria constantemente
tendenciado a escolher praticar uma ação que satisfizesse suas paixões (a
ausência de Deus em sua vida). Deus, portanto, não é o autor do mal, mas é autor
do livre-arbítrio, que concede aos homens a liberdade de exercer o mal, ou
melhor, de não praticar o bem. Esse argumento também implica que o ser humano
tem direito de escolha sobre sua própria vida, não é apenas um ser programado.
E se, segundo Agostinho, o bem é apreciado por Deus e a prática
perfeita, todas as ações por ele inspiradas se tornam virtuosas e louváveis.
Sendo que em um universo de seres não conscientes e que não têm livre-arbítrio,
as práticas do bem e do mal seriam programadas e não poderiam ser classificadas
como boas ou ruins.
Tempo
e Criação
No Livro XI das Confissões (em
latim: Confessiones) Agostinho põe-se a cargo de versar acerca da criação
do mundo por meio do Verbo, que podemos entender como "palavra
criadora". Com efeito, o filósofo compreende que o mundo só poderia ter
duas origens 1) do nada (em latim: ex-nihilo) e 2) a partir de parte da
sua substância. No entanto, a última suposição é falsa pois teria de se admitir
um Deus mutável, algo não condizente com o pensamento do Doutor Africano.
A fim de responder a
asserção: "Do que faria Deus antes de criar o mundo?" o filósofo
tece sua crítica aos maniqueus e expõe seu pensamento a respeito do tempo
e da criação. A evidente resposta de Agostinho à tal pergunta é a de que Deus
não estaria a fazer nada, pois não havia tempo antes deste ter sido criado por
Deus, ficando expresso que o tempo nada mais é do que uma criatura assim como o
mundo e todas as coisas. Para o pensador, o tempo e o universo foram criado em
conjunto, e Deus estaria fora deste contexto pois ele é eterno e a eternidade
não entra no tempo.
Para o filósofo
medieval, o tempo não tem existência per se e só pode ser apreendido
por nossa alma por meio de uma atividade chamada de "distensão da
alma" (em latim: distentio animi). A distensão da alma, grosso modo,
nada mais é do que a compreensão dos três tempos; pretérito, presente e futuro
na alma, de modo que seja possível lembrar do passado, viver o presente e
prever o futuro. Agostinho afirma que a alma é quem pode medir o tempo e essa
"medição" atesta a existência do tempo apenas em caráter psicológico.
Influência
como pensador e teólogo
Na história do
pensamento ocidental, sendo muito influenciado pelo platonismo e neoplatonismo,
particularmente por Plotino, Agostinho foi importante para o
"baptismo" do pensamento grego e a sua entrada na tradição
cristã e, posteriormente, na tradição intelectual europeia. Também
importantes foram os seus adiantados e influentes escritos sobre a vontade
humana, um tópico central na ética, que se tornaram um foco para filósofos
posteriores, como Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche, mas
ainda encontrando eco na obra de Albert Camus e Hannah Arendt (ambos
os filósofos escreveram teses sobre Agostinho).
É largamente devido à
influência de Agostinho que o cristianismo ocidental concorda com a doutrina
do pecado original. Os teólogos católicos geralmente concordam com a
crença de Agostinho de que Deus existe fora do tempo e no "presente
eterno"; o tempo só existe dentro do universo criado.
O pensamento de
Agostinho foi também basilar na orientação da visão do homem medieval sobre a
relação entre a fé cristã e o estudo da natureza. Ele reconhecia a importância
do conhecimento, mas entendia que a fé em Cristo vinha restaurar a
condição decaída da razão humana, sendo portanto mais importante. Agostinho
afirmava que a interpretação da Bíblia deveria ser feita de acordo
com os conhecimentos disponíveis, em cada época, sobre o mundo natural.
Escritos como sua interpretação do livro bíblico do Gênesis, como o que
chamaríamos hoje de um "texto alegórico", iriam influenciar
fortemente a Igreja medieval, que teria uma visão mais interpretativa e menos
literal dos textos sagrados.
Tomás de Aquino tomou
muito de Agostinho para criar sua própria síntese do pensamento
filosófico grego e do cristão. Dois teólogos posteriores que
admitiram influência especial de Agostinho foramJoão Calvino e Cornelius
Otto Jansenius.
Notas
e referências
↑ Wells,
J.. Longman Pronunciation Dictionary. 2 ed. Nova York: Longman,
2000. ISBN
0582364671
↑ The
American Heritage College Dictionary. Boston: Houghton Mifflin Company,
1997. 91 p. ISBN
0395669170
↑ Cross,
Frank L.; Livingstone, Elizabeth. The Oxford Dictionary of the Christian
Church. Oxford Oxfordshire: Oxford University Press, 2005. Capítulo:
Platonism, ISBN
0192802909
↑ Augustine
the Theologian. Londres: [s.n.], 1970. 347-349 p. ISBN
0223-97728-4 (edição de março de 2002, ISBN
1-57910-918-7).
↑ Durant,
Will. Caesar and Christ: a History of Roman Civilization and of
Christianity from Their Beginnings to A.D. 325. Nova York: MJF Books,
1992. ISBN
1567310141
↑ Wilken,
Robert L.. The Spirit of Early Christian Thought. New Haven: Yale
University Press, 2003. 291 p. ISBN
0300105983
↑ Archimandrite
[now Archbishop] Chrysostomos. . "Book Review: The
Place of Blessed Augustine in the Orthodox Church". Orthodox
Tradition II: 40-43. Página visitada em 28 de junho de 2007.
↑ "'Abençoado',
aqui, não significa que ele é menos que um santo, porém é um título concedido a
ele como sinal de respeito.""Blessed Augustine
of Hippo: His Place in the Orthodox Church: A Corrective Compilation". Orthodox
TraditionXIV: 33-35. Página visitada em 28-6-2007.
↑ Mônica
é diminutivo de Monna, nome de uma divindade do Norte da África, cujo culto é
referido em uma inscrição de Thignica (Ain Tounga, no vale do rio Medjerda). V. Nacéra
Benseddik "À
la recherche de Thagaste, patrie de Sant Augustin". In FUX,
Pierre-Yves (org), Augustinus Afer: Saint Augustin, africanité et
universalité. Éditions universitaires Fribourg Suisse, 2003, p.418
↑ a b c d e f g h i j k AGOSTINHO
DE HIPONA. Confissões. Trad. J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina;
“Vida e obra” por José Américo Motta Pessanha. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
416 p. (Coleção Os Pensadores). Original em latim.ISBN
85-13-00848-6.
↑ TERRITORIO
SCUOLA – Retórica em Santo Agostinho FTA realiza colóquio filosófico em
homenagem ao comendador Taurino Araújo.
↑ No
Livro VI das Confissões, Agostinho escreve que a razão da separação
teria sido a perspectiva de um casamento arranjado. "Sendo arrancada
do meu lado, como impedimento para o matrimônio, aquela com quem partilhava o
leito, o meu coração, onde ela estava presa, rasgou-se, feriu-se, escorria
sangue. Retirara-se ela para a África, fazendo votos de jamais conviver com outro
homem e deixando-me o filho natural que dela tivera." Confissões VI,
parte III, 15. "Cativo do prazer". Santo Agostinho. 2ª ed.
São Paulo: Abril Cultural, 1980. Assim, diante da insistência da mãe para que
ele se casasse, Agostinho teria afinal repudiado sua mulher, fazendo-a voltar
para a África, mantendo o filho Adeodato com ele. O nome da mãe de Adeodato não
é mencionado em nenhum texto.
↑ a b Besen,
José Artulino. Agostinho e os
Pais do Ocidente. Página visitada em 21 de maio de 2009.
↑ Lucena,
Elisa. O
problema do mal em Agostinho. Página visitada em 9 de maio de 2009.
↑ Moraes
Neto, Felipe José de; Simões, Adelson Cheibel. O
livre-arbítrio e a relação com o Criador, no Livro III, da obra O
Livre-Arbítrio de Santo Agostinho. Página visitada em 9 de maio de 2009.
↑ Confissões
XI; X, XII
Este artigo foi
inicialmente traduzido do artigo da Wikipédia em espanhol, cujo título é «Agustín de Hipona», especificamente desta
versão.
Bibliografia
AGOSTINHO. A
Cidade de Deus Volume II. Trad. de J. Dias Pereira. Lisboa: Fundação Calouste
Goulbekian, 2000.
______. A Trindade.
Trad. de Frei Agustinho Belmonte, O.A.R. São Paulo: Paulus, 1994.
______. Confissões.
Trad. J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina; “Vida e obra” por José Américo
Motta Pessanha. São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Coleção Os pensadores).
______. La
inmortalidad del alma. Lope Cilleruelo. Madrid: Biblioteca de Autores
Cristianos, 1988. (Obras completas de San Agustin XXXIX).
______. Sobre a
potencialidade da alma (De quantitate animae). Trad. de Aloysio Jansen de
Faria. Petrópolis: Vozes, 2005.
DILMAN, Ilham. Free
will: an historical and philosophical introduction. Florence, KY, USA: Routledge,
1999.
GILSON, Etienne. Introdução
ao estudo de Santo Agostinho. Trad. de Cristiane Negreiros Abbud Ayoub. São
Paulo: Paulus, 2006.
OS PENSADORES, “São
Tomás de Aquino” São Paulo: Abril Cultural 1980.
OS PENSADORES, “Santo
Agostinho” São Paulo: Abril Cultural 1980.
PESANHA, José de
Américo Motta. “Santo Agostinho (354-430) Vida e Obra” p. VI – XXIV in “Os
Pensadores, Santo Agostinho” São Paulo: Abril Cultural 1980.
ROSA, Maria da Glória
de. “A História da Educação através dos textos”. São Paulo: CULTRIX, 2002
Caro Jonas
ResponderExcluirO que eu aprendi!Eu já conhecia Santo Agostinho,mas não a esse pormenor.Muito obrigada pela partilha.Quanto trabalho! Quanta pesquisa,quanta leitura!
Tem ido a outros blogues?Não faz mal a ninguém aprender mais um pouco.O saber não ocupa lugar.
Bom fim de semana.
Um abraço da
Beatriz