A fraternidade mística que tem suas raízes no antigo Egito e se espalhou pelo mundo pregando a busca da sabedoria, a tolerância religiosa e a harmonia entre os homens.Poucas sociedades precisaram tanto do segredo para sobreviver como a Rosacruz. Na Idade Média, enquanto a Inquisição queimava na fogueira quem ousasse questionar os dogmas católicos, os integrantes da confraria se reuniam secretamente afim de penetrar nos mistérios religiosos mais profundos. Para isso, recorriam a fontes diversas: Gnosticismo (do grego "gnosis", que significa "conhecimento". Mas não um conhecimento racional, científico, filosófico, teórico e empírico a "episteme" dos gregos, mas de caráter intuitivo e transcendental; Sabedoria.), Cabala (misticismo judaico), Esoterismo islâmico, Filosofia, Mitologia egípcia, Astrologia e Alquimia.Era com esse repertório tão vasto que os Rosacruzes acreditavam ser possível sair das trevas da ignorância e caminhar rumo à Luz da sabedoria. Diziam que o autoconhecimento era a chave para a “paz do indivíduo” e, a partir dela, para o bem-estar da humanidade. Até hoje, os grupos herdeiros da Rosacruz original pregam a tolerância religiosa, a harmonia e a paz. Não faltam teorias para a origem da Ordem. Michael Maier apresentou em sua obra Silentium post clamores (1617) a origem do rosacrucianismo como egípcia, bramânica, oriunda dos mistérios de Elêusis e da Samotrácia, dos magos da Pérsia, dos Pitagóricos e dos árabes. Para alguns pesquisadores a Ordem foi criada no Antigo Egito e sua fundação remontaria às antigas escolas de mistérios egípcias, há 3.361 anos. É tido como fundador da tradição Rosacruz o faraó Tutmés III, da XVIII dinastia, por volta de 1350 a.C. Teria o faraó fundado uma fraternidade secreta, com o objetivo de estudar os mistérios da vida. A Rosacruz ainda não se auto denominava assim, sendo oficialmente estabelecida em El Amarna pelo faraó Amenhotep IV, conhecido também como Akhenaton. Já outra teoria é que a fraternidade teria sido fundada em Alexandria, no ano 46, quando o sábio gnóstico Ormus e seus seguidores foram convertidos ao cristianismo. Outros afirmam que a Rosacruz surgiu no século XVII, no vácuo da Reforma Protestante onde o rosacrucianismo seria um prolongamento da Militiae Cruciferae Evangelicae evocada por Simon Studion e seu colaborador Dr.John Dee no Cruce Signandorum Conventus realizado em 27 de julho de 1586 em Luneberg, Alemanha, com o apoio de certos príncipes protestantes alemães, das Coroas da França e Navarra, de Henrique IV, rei da Dinamarca e da rainha da Inglaterra Elizabeth I. O propósito da M.C.E. naquele tempo foi ativar os vestígios sobreviventes da Ordem do Templo de Jerusalém (os Cavaleiros Templários) e da Ordem Rosae Crucis para concretizar as práticas e os ensinamentos doutrinários místicos e espirituais de ambas, apresentando-os a um mundo à beira da crise religiosa (Reforma Protestante).De acordo com a lenda mais popular, seu fundador foi Christian Rosenkreuz.Nascido na Alemanha em 1378, às margens do Reno, filho de pais pobres, porém com origem nobre. Aos seis anos foi levado para uma abadia secreta onde aprendeu grego, latim, hebraico, matemáticas e magia. Aos 16 anos, partiu em peregrinação para a Terra Santa, porém, circunstâncias o prenderam em Damasco, local onde conheceu alguns sábios que lhe ensinaram seus conhecimentos. Confiando-lhe os segredos da natureza, levaram-no à sua "Cidade Filosófica", onde passou três anos. A seguir, percorreu a Síria, o Líbano, o Marrocos e o Egito, onde foi conduzido ao conhecimento supremo, recebendo o título de "Adeptat". Passando, a partir de então, a ser conhecido como: "O Pai". Recebeu a missão de comunicar a toda a cristandade a sabedoria que era possuidor e de fundar uma sociedade secreta. Para isto recrutou três fiéis companheiros: frater G.V.; frater I.A. e frater I.O. Eles juraram lealdade e redigiram, sob a sua orientação, alguns escritos fundamentais. Juntos construíram a Spiritus Sanctum (“Casa do Espírito Santo”), onde celebraram seus rituais secretos, curaram os doentes e consolaram os desesperados. Sete anos depois, o Pai recrutou novos companheiros, constituindo assim, a "Fraternidade". Estes novos irmãos partiram em missão pelo mundo, mas anualmente, reuníam-se no Templo secreto do Espírito Santo. Em 1484, o Pai (CRC), com 106 anos, morreu. Cento e vinte anos depois, o local onde foi sepultado Christian Rosenkreuz foi encontrado por seu sucessor, o Imperator N.N.Essa descoberta iniciou um novo ciclo de atividades da Ordem Rosacruz, agora sob a liderança do teólogo e pastor luterano alemão, Johann Valentin Andreae e do político, filósofo e ensaísta inglês Sir Francis Bacon. Nessa época foram publicados 3 manifestos que mencionaram a Ordem pela primeira vez: Fama Fraternitatis Rosae Crucis (1614), Confessio Fraternitatis (1615) e Núpcias Alquímicas de Christian Rosenkreuz (1616). Os textos tiveram enorme impacto entre os europeus e não demorou para que os rosacruzes agora conhecidos como “Os Invisíveis” se espalhassem pelo Velho Mundo.Irenaeus Agnostus, em Le Bouclier de La vérité (A Égide da Verdade - 1618), não hesitou em apresentar Adão como o primeiro representante da Ordem. Os manifestos Rosacruzes não deixaram de fazer referência à sua fonte: “Nossa filosofia não é nada de novo, é consoante com a que Adão herdou após a Queda e que foi praticada por Moisés e Salomão” Para as fraternidades modernas herdeiras da Rosacruz original, não importa se Rosenkreuz realmente existiu. O importante é o valor simbólico dessa história. Suas andanças pelo mundo, incorporando elementos de várias tradições, aludem à chamada Religião Universal da Sabedoria ou apenas “Tradição Primordial”. Ser cristão, por exemplo, iria além de seguir a figura bíblica de Jesus: faria parte da busca do conhecimento oculto e esotérico. Esta noção surgiu na Renascença. Nessa época foi redescoberto o Corpus Hermeticum, uma coletânea de textos misteriosos atribuídos a um sacerdote egípcio, chamado Hermes Trimegisto.Dê uma boa olhada na ilustração abaixo. Você verá que o símbolo do 18º grau da maçonaria é o Cavaleiro Rosacruz. Não se trata de mera coincidência: nos séculos XVII e XVIII, maçons e rosacruzes trocaram muitas informações. Eles buscavam uma sociedade tolerante, livre de dogmas e que pudesse se aperfeiçoar à medida que os homens ficassem mais sábios. A estrutura das duas fraternidades também era similar. Mas havia diferenças importantes: a Ordem Rosacruz enveredava pelo cristianismo e por caminhos místicos, enquanto a maçonaria se guiava pelo pensamento racional.Segundo a pesquisadora, Sylvia Browne, autora do livro Sociedades Secretas “ A Ordem Rosacruz contava com o Colégio dos Invisíveis, espécie de fonte de informação por trás do movimento. Seus integrantes acreditavam que o significado do Universo estava explicado no símbolo da ordem.Como a flor que brota no meio da cruz, os seres humanos deveriam desenvolver a capacidade de amar de forma irrestrita, compreender as leis que regem o mundo e o universo e agir por meio da intuição e da inteligência amorosa do coração.”Hoje, diversas organizações se declaram descendentes da confraria inicial. Em Cabo Frio, temos um Capítulo da Antiga e Mística Ordem Rosacruz (AMORC) em pleno funcionamento desde a década de 70, e dois outros grupos em formação:
Nenhum comentário:
Postar um comentário