Plotino (em grego: Πλωτῖνος; Licopólis, 205 - Egito, 270)
foi um filósofo neoplatônico, autor de Enéadas, discípulo de Amônio
Sacas por onze anos e mestre de Porfírio.
Biografia
Grego nascido no Egito em Licópolis,
"Lyco-" do grego significa "lobo" (em grego: λύκος, lykos),
a mesma raiz que deu origem ao Liceu de Aristóteles ("o local do
lobo") no Egito, o que levou a especulações de que ele pode ter sido
um egípcio de Roma descendente de gregos ou egípcios helenizados.
Expedição à Pérsia e retorno a Roma
Depois de passar os 11 anos em
Alexandria, na idade de 38 anos, Plotino decidiu investigar os ensinamentos
filosóficos da Filosofia iraniana e Filosofia indiana. Na busca desse
esforço ele deixou Alexandria e se juntou ao exército de Gordiano III, uma
vez que este marchava sobre a Pérsia. No entanto, a campanha foi um fracasso e
na eventual morte de Gordiano, Plotino se encontrou abandonado em uma terra
hostil e com alguma dificuldade encontrou seu caminho de volta para a segurança
em Antioquia.
Com a idade de quarenta anos,
durante o reinado de Filipe, o Árabe, retornou Roma, onde permaneceu
durante a maior parte do resto de sua vida. Lá, atraiu um número de alunos. Seu
círculo mais íntimo incluiu Porfírio, Amélio da Toscana, o senador
Castro Firmo e Eustáqui de Alexandria, um médico que se dedicou ao aprendizado
de Plotino o assistiu até sua morte. Outros alunos foram: Zeto, um árabe por
ascendência, que morreu antes de Plotino deixando-lhe um legado e um pouco de
terra, Zótico, crítico e poeta, Paulino, um médico de Sitopólis e
Serapião de Alexandria. Ele tinha alunos entre o Senado romano além
de Castro, como Marcelo Oronto, Sabinilo e Rogaciano. Algumas mulheres também
foram contadas entre os seus alunos, incluindo Gemina, em cuja casa ele viveu
durante a sua residência em Roma, e sua filha, também Gemina, e Anficlea, a
esposa de Aristão filho de Jâmblico.
Conta Eunápio que
Porfírio, após haver estudado com Plotino, tomou horror ao próprio corpo e
velejou para a Sicília, seguindo a rota de Odisseu, e ficou em um
promontório da ilha, sem se alimentar e evitando o caminho do homem; Plotino,
que ou o estava seguindo ou recebeu informações sobre o jovem discípulo, foi
até ele e o convenceu com suas palavras, de modo que Porfírio voltou a reforçar
seu corpo para sustentar sua alma.
Os critérios editoriais de
Porfírio, possivelmente, tinham por objetivo formar uma série que mostrasse o
caminho para a sabedoria. Nas palavras de [O'Meara]]: "Com isso
Porfírio quis oferecer ao leitor uma passagem pelos escritos de Plotino que
lhe traria uma formação filosófica, uma condução até o bem absoluto. O alvo
geral da leitura e interpretação dos textos nas escolas do Império era, em
primeira linha, a transformação da vida, a cura da alma, a condução para uma
vida boa resultante disso”.
Porfírio informa que
Plotino tinha 66 anos quando morreu em 270, o segundo ano do reinado do
imperador Cláudio II, dando-nos assim o ano de nascimento do seu professor
como ao redor 205 , em Minturno, já foi sugerido também que possa ter
nascido na Alexandria.
A influência de Plotino e dos neoplatônicos sobre
o pensamento cristão, islâmico e judaico foi representativa para escritores
como Gregório de Nazianzo, Gregório de Nissa, Santo Agostinho, Pseudo-Dionísio,
o Areopagita, Boécio, João Escoto Erígena, Alberto Magno, Santo
Tomás de Aquino, Dante Alighieri, Mestre Eckhart, Johannes
Tauler, Nicolau de Cusa, São João da Cruz, Marsílio Ficino, Pico
de la Mirandola, Giordano Bruno, Avicena, Ibn Gabirol, Espinosa, Leibniz, Coleridge, Henri
Bergson e Máximo, o Confessor.
Teoria
Plotino dividia o universo em
três hipóstases: O Uno, o Nous (ou mente) e a Alma.
Uno - primeira hipóstase
Segundo Plotino, o Uno refere-se
a Deus, dado que sua principal característica é a indivisibilidade. "É em
virtude do Uno [unidade] que todas as coisas são coisas." (Plotino, Enéada
VI, 9º tratado)
Nous - segunda hipóstase
Nous, termo filosófico grego que
não possui uma transcrição direta para a língua portuguesa, e que significa
atividade do intelecto ou da razão em oposição aos sentidos materiais. Muitos
autores atribuem como sinônimo a Nous os termos "Inteligência" ou
"Pensamento".
O significado ambíguo do termo é
resultado de sua constante apropriação por diversos filósofos, para denominar
diferentes conceitos e ideias. Nous refere-se, dependendo do filósofo e do
contexto, algumas vezes a uma faculdade mental ou característica, outras vezes
correspondente a uma qualidade do universo ou de Deus.
Homero usou o termo nous
significando atividade mental em termos gerais, mas no período pré-Socrático o
termo foi gradualmente atribuído ao saber e a razão, em contraste aos sentidos
sensoriais.
Anaxágoras descreveu nous como a
força motriz que formou o mundo a partir do caos original, iniciando o
desenvolvimento do cosmo.
Platão definiu nous como a parte
racional e imortal da alma. É o divino e atemporal pensamento no qual as
grandes verdades e conclusões emergem imediatamente, sem necessidade de
linguagem ou premissas preliminares.
Aristóteles associou nous ao
intelecto, distinto de nossa percepção sensorial. Ele ainda dividiu-o entre
nous ativo e passivo. O passivo é afetado pelo conhecimento. O ativo é a eterna
primeira causa de todas as subsequentes causas no mundo.
Plotino descreveu nous como sendo
umas das emanações do ser divino.
Alma - terceira hipóstase
Na Teosofia, a alma é associada
ao 5º princípio do Homem, Manas, a Alma Humana ou Mente Divina. Manas é o elo
entre o espírito (a díade Atman-Budhi) e a matéria (os princípios inferiores do
Homem).
Assim, a constituição sétupla do
Homem, aceita na Teosofia, adapta-se facilmente a um sistema com três
elementos: Espírito, alma e corpo. Sendo a alma o elo entre o Espírito e o
corpo do homem.
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