terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Versos Áureos de Pitágoras

Versos Áureos de Pitágoras

Aos deuses, segundo as leis, presta justas homenagens;
Respeita o juramento, os heróis e os sábios;
Honra teus pais, teus reis, teus benfeitores;
Escolhe para teus amigos os melhores homens.
Sê obsequioso, sê fácil em negócios.
Não odeie teus amigos por faltas leves;
Serve com teu poder a causa do bom direito;
Quem faz tudo o que pode faz sempre o que deve.
Mas sabe reprimir como um mestre severo,
O apetite, o sono, Vênus e a cólera.
Não peques contra a honra nem de longe nem de perto.
E só, sê para ti mesmo rigorosa testemunha.
Sê justo em ações e não em palavras;
Não dês pretextos frívolos ao mal.
A sorte nos enriquece, ela pode empobrecer-nos;
Mas fracos ou poderosos devemos sempre morrer.
Não sejas refratário à tua parte de dores.
Aceita o remédio útil e salutar,
E sabe que sempre os homens virtuosos,
São os menos infelizes dos mortais aflitos.
Que seu coração se resigne aos injustos colóquios;
Deixa falar o mundo e segue sempre teu caminho,
Mas não faças nada sobretudo levado pelo exemplo
Que seja sem retidão e sem utilidade.
Faz caminhar a tua frente o conselho que te aclara
Para que a absurdidade não venha atrás.
A tolice é sempre a maior das desgraças
E o homem sem conselhos responde por seus erros.
Não obres sem saber, sê cioso para aprender.
Dá ao estudo um tempo que a felicidade pode restituir.
Não sejas negligente em cuidar da tua saúde;
Mas toma o necessário com sobriedade.
Tudo que não pode prejudicar é permitido na vida;
Sê elegante e puro sem incitar a inveja.
Foge a negligência e ao fausto insolente;
O luxo mais simples é o mais excelente;
Não procedas sem pensar no que vais fazer,
E reflete, à noite, sobre toda tua jornada.
Que fiz? Que ouvi? Que devo lastimar?
Para a justiça divina assim poderes subir.
Eu tomo-te por testemunha: Tetractys inefável,
Fonte inesgotável das formas e do tempo;
E tu que sabes orar, quando os Deuses são por ti,
Conclui a tua obra e trabalha com fé.
Chegarás cedo e sem trabalho a conhecer
Donde procede, onde pára, para onde voltar teu ser.
Sem temor e sem desejos saberás os segredos
Que a natureza vela aos mortais indiscretos.
Tu calcarás aos pés esta fraqueza humana
Que ao acaso e sem alvo conduz a fatalidade.
Saberás quem guia o futuro incerto,
E que o demônio oculto segura os fios do destino
Tu subirás então sobre o carro de luz.
Espírito vitorioso e rei da matéria,
Compreenderás de Deus o reino paternal
E poderás assentar-te numa calma eterna.

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