quarta-feira, 23 de julho de 2014

Omar Khayyām

Imagem: Omar Khayyam, tr. Edward Fitzgerald: “The Rubaiyat of Omar Khayyam” (1905, 1912)


Omar Khayyām (pronúncia persa: [omare xajɑ:m]) (Nishapur, Pérsia, 18 de maio de 1048 — 4 de dezembro de 1131), poeta, matemático e astrônomo iraniano. Seu nome completo era Ghiyath al-Din Abu'l-Fath Umar ibn Ibrahim Al-Nishapuri al-Khayyami (em persa: غیاث الدین ابو الفتح عمر بن ابراهیم خیام نیشاپوری).
Khayyām calculou como corrigir o calendário persa. O seu calendário tinha uma margem de erro de um dia a cada 3770 anos. Contribuiu em álgebra com o método para resolver equações cúbicas pela intersecção de uma parábola com um círculo, que viria a ser retomada séculos depois por Descartes.
A filosofia de Omar Khayyām era bastante diferente dos dogmas islâmicos oficiais. Concordou com a existência de Deus mas se opôs à noção de que cada acontecimento e fenômeno particular era o resultado de intervenção divina. Em vez disso ele apoiou a visão que leis da natureza explicam todos fenômenos particulares da vida observada.
Como poeta é conhecido pelos Rubaiyat (em português, "quadras" ou "quartetos"), que ficariam famosos no Ocidente a partir da tradução de Edward Fitzgerald, em 1839.

Rubaiyat
Tradução de: Alfredo Braga

Volte em minha voz a métrica do Persa
A lembrar que o tempo é a diversa
Trama de sonhos ávidos que somos
E que o secreto Sonhador dispersa.

Volte a afirmar que é a cinza, o fogo,
A carne, o pó, o rio, a fugidia
Imagem de tua vida e de minha vida
Que lentamente se nos vai de logo.

Volte a afirmar o árduo monumento
Que constrói a soberba é como o vento
Que passa, e que sob o olhar inconcebível
De Quem perdura, um século é momento.

Volte a advertir que o rouxinol de ouro
Canta só no sonoro
Ápice da noite e que os astros
Avaros não prodigam seu tesouro.

Volte a lua ao verso que a tua mão
Escreve como torna no temporão
Azul a teu jardim. A mesma lua
Desse jardim há de te procurar em vão.

Sejam sob a lua das ternas
Tardes teu humilde exemplo as cisternas,
Em cujo espelho de água se repetem
Umas poucas imagens eternas.

Que a lua do Persa e os incertos
Ouros dos crepúsculos desertos
Voltem. Hoje é ontem. És os outros
Cujo rosto é o pó. És os mortos.